Os editores do Poder Aéreo Alexandre Galante e Luiz Padilha chegaram a Natal-RN no dia 10/11 de madrugada, a fim de participar da cobertura da CRUZEX V. Nosso colaborador e moderador do Xat do Poder Aéreo, Ícaro Luiz “Joker” Gomes – residente em Natal – estava lá para nos ajudar.

Pela manhã a imprensa participou de um Brifim da Direção do Exercício (DIREX) e da Força Aérea Componente (JFACC). Depois do Briefing, pudemos visitar as instalações da DIREX e JFACC.

No Brifim feito pelo coronel aviador Paulo Eduardo Vasconcellos foram explicados vários aspectos da CRUZEX V, que é baseada na simulação de um conflito que evoca um cenário semelhante ao da primeira Guerra do Golfo, em 1991, quando o Iraque invadiu o Kuwait e mais tarde foi forçado a se retirar por uma ampla coalizão formada sob a tutela do Conselho de Segurança da ONU.

O cenário simulado envolve a invasão do país Amarelo pelo país Vermelho e a formação de uma força de coalizão, liderada pelo País Azul, para impor a paz na região. Todo o planejamento do exercício baseia-se nas regras da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Foi enfatizado que  a CRUZEX é mais um exercício de C2 (Comando e Controle) do que um exercício tático como o Red Flag. O foco do exercício é o Comando e Controle, sendo o aspecto tático secundário.

A DIREX controla as forças dos dois lados do conflito e as direciona para exercitá-las, podendo assim decidir quem vence e quem perde. Não existe “fair play” na CRUZEX, o objetivo é exercitar todos os componentes envolvidos, por isso não haverá “vencedores” na acepção do termo.

As guerras atuais e do futuro precisam ser realizadas com a máxima eficiência, para derrotar o inimigo no menor tempo possível, com o menor número de baixas e “danos colaterais”. A CRUZEX serve justamente para isso, exercitar o comando e o planejamento de processos para a execução de uma guerra aérea bem-sucedida.

O Comando Combinado Azul segue o “modus operandi” empregado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), tendo a cadeia básica de Comando e Controle da Operação a seguinte estrutura:

Legenda:

  • DIREX: Direção do Exercício;
  • CJTF: Combined Joint Task Force
  • CMV: (Communications, Media and Visitors) Comunicação Social do Exercício;
  • JFAC: (Joint Force Air Component) Componente Aéreo de Força Combinada; e
  • CAOC: (Combined Air Operations Center) Centro de Operações Aéreas Combinadas.

Estrutura do JFAC

Os objetivos da CRUZEX V:

  • Treinar os participantes na estrutura da OTAN de Comando e Controle das Operações Aéreas, no planejamento, montagem e condução das operações numa situação de crise e de conflito de baixa intensidade.
  • Treinar as Unidades de Combate para executar missões ofensivas, defensivas e de apoio e otimizar a utilização dos sistemas de detecção aerotransportados.
  • Aumentar a interoperabilidade entre as Forças Aéreas participantes.
  • Treinar os integrantes dos diferentes esquadrões envolvidos, por meio do intercâmbio de conhecimentos operacionais com Forças Aéreas estrangeiras, a respeito das táticas e técnicas empregadas nas missões aéreas.
  • Treinar os participantes das Unidades Aéreas na execução de missões ofensivas, defensivas e de apoio num quadro complexo de forças combinadas/conjuntas, em conformidade com as orientações de commando e controle.
  • Treinar tripulantes, operadores e controladores de tráfego aéreo num ambiente de combate.
  • Treinar os integrantes das forças participantes na operação de CSAR

À tarde tivemos a coletiva com a Direção do Exercício, chefiada pelo Tenente-Brigadeiro-do-Ar Gilberto Antonio Saboya Burnier e que contou também os co-diretores das forças estrangeiras.

O Tenente-Brigadeiro Burnier enfatizou que o foco do treinamento é o planejamento, a estrutura pensante que coloca os homens nas operações de guerra.

Em resposta à perguntas dos jornalistas, ele disse que todos os países participantes possuem seus limites de informações que podem ser trocadas e que elas são definidas em reuniões antes do exercício. Mas os itens e informações que não podem ser divulgados são muito pequenos, porque o nível de entrosamento das forças é grande.

A CJTF (Combined Joint Task Force) gera situações e dificuldades novas a cada atividade, cria surpresas para as unidades em operação, animando o exercício. A cada CRUZEX, novas situações são criadas.

A força inimiga (vermelha) é um “joguete” na mão do CJTF para atrapalhar a Força Azul (Coalizão) no exercício.

A ideia da CRUZEX surgiu quando o Brasil participou como observador da Operação Odax na França, no ano 2000. Desde 2002, a cada nova CRUZEX, o exercício tem sido aperfeiçoado com novas ferramentas e conhecimentos, em software e equipamentos.

O Brasil tem intenção de um dia ocupar um lugar no Conselho de Segurança da ONU e a capacidade de operar em forças de coalizão como na CRUZEX, vem somar-se a essa aspiração.

Tenente-Brigadeiro Burnier disse também que está sendo estudado dividir a CRUZEX em dois exercícios diferentes, a CRUZEX C2 e a CRUZEX Flight, a primeira para treinar somente comando e controle e a segunda para exercícios táticos entre as unidades aéreas, à semelhança das Red Flag e Blue Flag americanas. Foi dito também que estuda-se a mudança do exercício para intervalos de 3 em 3 anos.

À tarde aconteceu o “Media Flight” no C-130 para as fotos aéreas dos aviões de combate presentes no Exercício.

Enquanto Padilha embarcava no C-130 para as fotos aéreas, Galante e Joker foram para um ponto ao lado da pista principal do aeroporto para filmar e fotografar as decolagens e pousos das aeronaves.

O Poder Aéreo viajou a Natal por cortesia da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, a bordo dos confortáveis de E-Jets fabricados pela Embraer.

BATE-PAPO ONLINE: converse com outros leitores sobre o F-X2 e a CRUZEX V no ‘Xat’ do Poder Aéreo, clicando aqui.

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