Primeira mulher militar a pilotar um jato operacional da FAB
O voo pela cidade durou uma hora. No pouso, o retorno foi celebrado com um brinde com champagne e um batismo do copiloto com um jato d’água. Aquele voo não era comum. Quem estava a bordo era a tenente Fabrícia Oliveira, 27 anos – a primeira mulher militar a pilotar um jato operacional. Em situação de guerra, ela teria a função estratégica de reconhecer o ambiente e ajudar no ataque ao inimigo. Em paz, o feito derruba o tabu de que essa missão não poderia ser feminina.
O voo de ontem simbolizou a conclusão do curso e a habilidade da ex-aluna para ser copiloto e operar o Learjet 35, aeronave de reconhecimento considerada um modelo de primeira linha da aviação. Na etapa teórica, ela foi aprovada como a melhor da classe, toda formada por homens. Mas a tenente já pretende dar continuidade ao curso para se tornar a primeira piloto do jato. A conquista inédita na FAB é observada como uma responsabilidade por Fabrícia, que se formou com outras 11 mulheres na Academia da Força Aérea de Pirassununga, no interior de São Paulo. “Vejo como uma grande responsabilidade, pois abre as portas para outras mulheres, mostra que não há só homens”, disse.
Fabrícia começou os estudos na Aeronáutica, em 2003, quando participou do concurso da FAB. Mas sua vida militar começou bem antes, no Colégio Militar de Salvador, “se estendendo” para outros setores. Hoje, é casada há três anos com o oficial do Exército Davi Monteiro, 28, que conheceu ainda na escola. Já são 10 anos entre namoro, noivado e casamento. Ontem, Monteiro conseguiu uma dispensa do serviço para acompanhar, no solo, o voo da mulher. Aguardava o pouso com ansiedade. “Antes ela pilotava aviões de transporte. Agora poderá operar em ações de reconhecimento”.
Antes de ser a copiloto do Learjet, a tenente Fabrícia participou de aulas teóricas, simulações e práticas de voos em outros três modelos de aeronaves (veja o quadro). Em todos os momentos, ela passou pelas etapas de aluna, copiloto e pilota. Na aviação de grande porte, ela pode escolher entre as áreas de transporte, patrulha ou reconhecimento.
O major-brigadeiro Hélio Paes de Barros Júnior, comandante do II Comar, destacou a formação da nova co-pilota. “Ela não está apta apenas a pilotar, mas a operar a aeronave. A função desse esquadrão é essencial. São os primeiros a entrar e os últimos a sair em uma guerra”, afirmou.
FONTE: Diario de Pernambuco