AT-6C em testes nos EUA
Centro de testes une velhas e novas tecnologias para ataque leve
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Na Base Aérea da USAF (Força Aérea dos EUA) de Davis-Monthan, no Arizona, pilotos de testes e engenheiros estão aprendendo o que acontece quando se combina sistemas de alta tecnologia com aeronaves de baixa tecnologia, objetivando um novo avião de ataque leve.
Segundo informe da USAF da semana passada, 14 de outubro, o ataque leve é um conceito revitalizado na Força, visando as necessidades de um avião com capacidades de vigilância e ataque, ocupando o espaço entre os aviões não tripulados e os caças de alta performance.
Na aparência, o AT-6C da Hawker Beechcraft se assemelha a caças monomotores do passado, com a boca de tubarão pintada no nariz. Na verdade, o avião é um possível candidato para o avião de ataque leve da USAF, assim como o mais recente projeto para o Centro de Testes do Comando de Reserva da Guarda Aérea Nacional, baseado no aeroporto internacional de Tucson (Arizona – EUA).
O Tenente Coronel Keith Colmer, piloto de testes e diretor de engenharia do centro, participou de operações no Iraque no início de 2008, voando missões de apoio aéreo aproximado em caças F-16. Foram mais de 100 horas de combate, em que serviu como um olho no céu para as tropas em terra, mas nas quais raramente engajou o inimigo.
Segundo Colmer, “atualmente estamos pagando um custo alto para voar o F-16, no que se refere a combustível e desgaste, para missões que não necessitam das capacidades totais da aeronave. Com os caças de quarta geração chegando perto do final de seu tempo de serviço, uma plataforma de ataque leve poderia assumir esses tipos de missões e aliviar essa carga.”
O centro de testes e sua equipe de profissionais da ativa, da reserva, civis e funcionários das empresas que desenvolvem os sistemas de armas e aeronaves focam em aprimoramentos de baixo custo, baixo risco e de prateleira para os mesmos. O Tenente Coronel afirma que, “para cumprir o mote de ’80 por cento da capacidade com 20 por cento do custo’, estamos pegando tecnologias existentes do A-10 (Thunderbolt II) e do F-16, para inseri-las no AT-6”.
Junto aos controles manuais, cabos e polias do AT-6, estão computadores de missão, data links, rádios, sistemas de mira montados no capacete, HOTAS, contramedidas e pilones de armamento tipicamente encontrados em caças e aviões de ataque atuais. Ainda segundo Colmer, “aprendemos muito nos testes iniciais deste ano e fizemos vários ajustes. Os testes deste mês deverão trazer pilotos de A-10 e F-16 de Edwards, Nellis e Eglin. Em geral, eles saem daqui, após os voos, entusiasmados a respeito de ataque leve. Eles apreciaram as surtidas e as capacidades da aeronave. Quase todos têm uma lista do que gostariam de mudar, mas isso nós já esperávamos. Agora vamos pegar essas informações para melhorar a aeronave”.
Segundo o Major Jesse Smith, piloto de A-10 do 422º Esquadrão de Testes e Avaliação da Base de Nellis, e que voou o AT-6 modificado em uma missão simulada de busca e resgate de combate, em 7 de outubro, o avião “é fácil de voar. Eles pegaram alguns dos sistemas e aviônicos do A-10, então isso tornou as coisas mais fáceis para mim. Baseados no cenário que temos hoje, fomos capazes de executar a missão. Não é a resposta para tudo, mas se você olhar o que está acontecendo no Iraque e no Afeganistão, é um bom conceito que pode econonizar dinheiro”.
Comparando os custos de hora de voo
Para o A-10 e o F-16, o custo por hora de voo, englobando combustível e manutenção, é de aproximadamente 15.000 a 17.000 dólares, segundo o informe da USAF. Já a hora de voo do AT-6, segundo a equipde do centro de testes, custa aproximadamente 600 dólares.
Apesar do avião de ataque leve não ser visto como um substituto para os jatos, os pilotos estão vendo que o turboélice de dois lugares pode assumir uma série de tarefas. Eles estão examinando o AT-6 como um treinador acompanhante, para dar uma primeira visão sobre apoio aéreo aproximado. Controladores de combate e pessoal do controle aéreo tático também estão analisando o avião como um possível treinador, para que ganhem mais prática controlando aeronaves que reproduzem, adequadamente, um A-10 ou um F-16. Eles poderiam voar com mais frequência para ter uma ideia da perspectiva do piloto.
Em operações nos EUA, o avião poderia também apoiar a segurança na fronteira, antidrogas e defesa interna. E também para uso de seus sensores para mapear áreas em casos de desastre, como incêndios e enchentes. Por fim, autoridades acreditam que uma plataforma de ataque leve pode ajudar a construir forças aéreas de nações parceiras, que não tenham nem o orçamento nem a necessidade para jatos.
O Tenente Coronel Colmer enfatiza, porém, que o avião de ataque leve não é ainda um programa de aquisição. Normalmente, testes ocorrem depois que uma aeronave é comprada. Mas, nesse caso, está se desenvolvendo e refinando um conjunto de tecnologias e armas para essa plataforma, dando aos tomadores de decisão uma visão mais clara antes que eles comprem a mesma.
Futuros testes deverão integrar mísseis Hellfire, AIM-9 Sidewinder e outras armas.”
FONTE / FOTOS: USAF (tradução e adaptação: Poder Aéreo)
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