Empresa nacional de engenharia aeronáutica virtualmente desconhecida fora de São José dos Campos antes do programa F-X2, a Akaer surgiu na imprensa como a primeira empresa a se associar ao programa Gripen NG, mesmo sem a garantia que este seria o modelo de caça escolhido para substituir os atuais caças da FAB. “Nosso trabalho conjunto com a Saab, a participação no programa Gripen NG, está completando, agora, um ano. Ao fim deste período já trocamos muita informação com os suecos, criando juntos os planos de manufatura, de investimento, de qualidade, de produção e de engenharia para o novo modelo. Nossos engenheiros, em seus computadores aqui no Brasil, acessam remotamente a rede corporativa da Saab. Para poder fazer isso tivemos que criar novos ambientes de trabalho que fossem seguros, tanto física como logicamente”, contou a ALIDE, César Silva, diretor da empresa.

“Nosso trabalho neste projeto se inicia com o detalhamento (projeto em CAD) do formato final das portas do trem de pouso e de cada uma das peças que compõem as asas e os módulos da fuselagem central e traseira. Depois disso, virá a fase da ‘preparação para a industrialização’, que envolverá a fabricação das ‘cabeças de produção’, ou exemplares de referência (a grosso modo, os ‘protótipos’) dos componentes desenhados no sistema CAD. Nos próximos dias devemos chamar a imprensa brasileira para anunciar formalmente, a ‘liberação da primeira peça’, a conclusão do primeiro desenho 3-D feito no Brasil para a Saab”.

“Sabemos agora, passado este ano, que a Saab já confia muito na gente”, complementa César. Para o diretor da empresa brasileira esta “confiança” é justamente o que os qualifica para receber cada vez mais negócios dos suecos. Eles vêem a empresa brasileira como uma forma de reduzir custos em diversos programas, não apenas no do Gripen NG, sem comprometer a qualidade. A Saab se encontra neste momento desenvolvendo, e fabricando, portas para o Boeing 787, além de diversos outros componentes para os aviões da Airbus.

Perguntado sobre o impacto industrial de uma eventual seleção do Gripen pela Força Aérea da Índia, César disse: “o que nós já tivermos desenvolvido, não fará qualquer sentido recriar do zero, assim, para a Akaer, isso até que seria uma oportunidade de agregar a HAL (Hindustan Aeronautics Limited) como um novo cliente de nossos serviços de engenharia”.

A Akaer faz parte do consórcio brasileiro “T1” que pretende ocupar um novo nicho na cadeia de fornecedores da indústria aeroespacial nacional e internacional. Diferente da Embraer, que visa desenvolver desde o conceito seus próprios produtos, a Akaer e a T1 preferem ser terceirizados de grande escala, assumindo o detalhamento de projeto e a subsequente montagem de sub-conjuntos para grandes fabricantes como a própria Embraer e a Saab.

Perguntado sobre a recente visita do novo CEO da Saab ao Brasil, Cesar Silva contou que “A importância do programa brasileiro da Saab está clara na vinda de Hakam Buskhe ao Brasil, passados apenas 24 dias de ele ter assumido seu cargo. Ele visitou o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, para se apresentar e em seguida foi a São Bernardo do Campo para conhecer o prefeito Luiz Marinho, grande entusiasta do programa de fabricação do Gripen NG no Brasil. Em Brasilia Bushke falou à imprensa sobre o interesse de sua empresa de montar aqui um centro de pesquisa que trabalhasse bem de perto tanto da indústria como da academia brasileira. Este centro visa, além do programa Gripen, iniciar desenvolvimentos nas áreas de aviônica, radares e de sistemas de segurança pública, objetivando particularmente os grandes eventos (Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016) previstos para acontecer no país nos próximos anos”. As três áreas enfocadas não são ainda muito desenvolvidas no Brasil e marcam uma importante evolução na base tecnológica do país. Na entrevista de Brasília, a Saab anunciou que o novo centro seria feito em São Paulo, mas após a conversa com o prefeito paulista foi anunciado que ele seria criado em São Bernardo. Em meados de outubro virá ao Brasil o Diretor da Área de Pesquisa da Saab para definir os detalhes deste projeto que deve consumir um investimento entre 40 e 50 milhões de dólares, neste momento uma equipe de suecos está no Brasil desenvolvendo os estudos e os business plans desta nova empreitada.

César disse também que “o NG representa uma mudança profunda no programa Gripen. Para o Brasil a participação direta da nossa indústria neste programa nos daria a capacidade de seguir evoluindo esta plataforma, no futuro, mesmo sem a participação dos suecos. Este avião é nosso! A campanha de ensaios será toda realizada no Brasil”.

Sobre a sugerida versão naval do NG, César contou que “o trabalho de sua empresa na estrutura do NG já leva em conta a perspectiva de reforço estrutural no futuro, caso seja decidido o desenvolvimento desta nova versão. Ter isto em mente neste momento simplificará muito o trabalho do desenvolvimento do Sea Gripen mais tarde, não partiremos do zero. E só podemos fazer isso porque a Saab já concluiu os primeiros estudos desta variante. Como o Sea Gripen será mais pesado que o NG, a estrutura que estamos criando agora modelo terrestre já levará em conta as demandas futuras, os novos envelopes de carga, as velocidades de descida e de parada, etc. As especificações definitivas de desempenho serão estabelecidas pela Marinha do Brasil, e caberá à Saab refinar o projeto básico para atendê-las”. Concluindo, César falou que “Um dos pontos mais positivos do Sea Gripen é que ele esta sendo pensado para poder usar tanto catapultas tradicionais quanto os ski-jumps, de acordo com a preferência da Marinha. A Embraer, naturalmente, seria a principal empresa brasileira neste programa de criação do Sea Gripen”.

Para além dos projetos com a Saab a Akaer ainda se encontra neste momento envolvida no programa de atualização dos Bandeirantes da FAB junto com a empresa gaúcha Aeroeletrônica. Coube à Akaer aqui ser responsável pelo projeto de modernização estrutural e pela produção dos kits mecânicos e elétrico, empregados neste programa.

FONTE: Alide


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