Embraer acelera escolha de fornecedores para o KC-390

A Embraer e o Comando da Aeronáutica deram mais um passo, ontem, no programa de desenvolvimento da nova aeronave de transporte militar KC-390, com o início do processo de seleção dos fornecedores de três sistemas estratégicos: auto proteção, sistemas de missão e de reabastecimento em voo. Mais de 50 empresas estrangeiras interessadas em participar desse processo se reuniram, em São José dos Campos, no II Workshop de Offset (contrapartidas tecnológicas, industriais e comerciais) do Projeto da Aeronave KC-390.

No primeiro encontro, realizado em maio, foram iniciadas as negociações com os potenciais fornecedores de outros cinco sistemas considerados estratégicos: equipamentos aviônicos, motor, sistema de manuseio e lançamento de carga e trem de pouso. “A FAB participa junto com a Embraer da seleção dos fornecedores de oito sistemas principais do KC-390, que terão exigência de acordos de offset, pelo alto nível de tecnologia que agregam”, explicou o diretor do KC-390 na Embraer, Paulo Gastão Silva.

O anúncio dos principais fornecedores do KC-390, segundo Gastão, deverá ser feito antes de maio de 2011, quando começa a fase de definições conjuntas do projeto, reunindo todos os parceiros e fornecedores. Algumas empresas brasileiras também já garantiram contratos importantes para o KC-390, mas tudo está sendo mantido em sigilo.

No caso dos motores da aeronave, a disputa envolve dois grandes consórcios: a CFM, uma joint venture entre a empresa americana General Electric (GE) e o grupo francês Safran e a IAE (International Aero Engine), joint venture entre a inglesa Rolls-Royce, a americana Pratt & Whitney, MTU da Alemanha e JAEC, do Japão. Para os sistemas de missão, reabastecimento em voo e de auto defesa do KC-390 , 14 empresas apresentaram ontem suas propostas no workshop, entre elas a BAE Systems, Indra, Sagem, Saab, Thales e Astronautics, entre outras.

Segundo informações divulgadas ontem pelo IFI (Instituto de Fomento e Coordenação Industrial), órgão vinculado ao DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), que auxilia a FAB nas negociações de acordos de offset, o projeto do KC-390 deverá gerar mais de 14 contratos de transferência de tecnologia com empresas estrangeiras selecionadas para participar do desenvolvimento.

Atualmente, de acordo com o IFI, os acordos de compensação em vigor no âmbito da Aeronáutica somam cerca de US$ 4,5 bilhões. Esse número não inclui os projetos futuros da Aeronáutica, como o desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados (vants), radares, o substituto do Tucano e do Sucatão (Boeing 767) (sic), já em fase de estudos de viabilidade. O programa de aquisição de caças de combate F-X2, avaliado em R$ 10 bilhões, também prevê acordos de offset. O percentual exigido varia de 30% a 100% do valor do contrato, mas há casos em que os valores ficam acima disso.

No caso do F-X2, o governo brasileiro pretende divulgar antes do fim do ano o nome da empresa vencedora da licitação, que prevê a compra de 36 caças supersônicos. Segundo fonte ligada ao processo, o Ministério da Defesa trabalha agora com a possibilidade de anunciar o resultado em duas datas: ou no dia 23 de outubro (dia do aviador), caso não haja segundo turno das eleições presidenciais, ou durante a realização da quinta edição da Operação Cruzeiro do Sul (Cruzex), que acontecerá no período de 28 de outubro a 20 de novembro, na região Nordeste do país. A Cruzex é um exercício aéreo multinacional, que reúne as Forças Aéreas da Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, França e meios simulados de força terrestre e força naval.

FONTE: Valor Econômico (Reportagem de Virgínia Silveira), via Notimp

IMAGEM: Embraer

NOTA DO BLOG: o título da matéria e os destaques em negrito são do Poder Aéreo. O título original do Valor Econômico é o subtítulo da matéria. O uso da observação “sic” no trecho que trata da escolha de um substituto para o “sucatão” (termo pejorativo comumente usado pela imprensa para se referir aos KC-137 da FAB), supõe um erro na observação colocada entre parêntesis no texto original, já que o KC-137 é uma adaptação do Boeing 707, e não do Boeing 767. Vale lembrar que o parêntesis do texto original também pode indicar uma observação ligada ao termo “substituto” e não o termo “sucatão”, embora a proximidade do parêntesis com o segundo termo, e não com o primeiro, indique não ser essa a interpretação correta do texto.

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