O patrulheiro e caçador que queria chegar em alto estilo
História escrita e enviada para o Poder Aéreo por Franco Ferreira
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Antes de 1999, eu atuava com ultraleves na empresa existente no hangar 850, no Campo de Marte. Certo dia, a secretária Graça me deu um recadinho manuscrito onde se podia ler: Cmte. Alberto Torres/ 260 6332/Cel Franco. O Cmte. Alberto Torres, que se encontrava no telefone 260-6332, havia me procurado… Mas por que me procurava Alberto Torres?
Alberto Martins Torres, aviador com 163 missões na 2ª Guerra Mundial (64 na patrulha e 99 na caça), autor do disparo que afundou o U-199 ao Sul da Baia de Guanabara e do lançamento da bóia que salvou os sobreviventes; depois, empresário bem-sucedido. Autor de Overnight Tapachula.
O que queria, o insigne aviador? Pouco, muito pouco: só o canto do cisne! Ele era o convidado especial, na data das festividades da Aviação de Patrulha, em Salvador. Queria chegar em alto estilo, desembarcando de um avião anfíbio, no pátio, nos instantes anteriores à solenidade. Mas como?
Eu trabalhava na venda de ultraleves da EDRA. Com um deles (U-3164) já tinha rompido um efêmero recorde mundial (ver recorte de jornal abaixo) E, com outro, o primeiro exemplar importado da França – U-4056, havia feito um ensaio em voo capaz de vender 300 unidades ao governo do Canadá.
E Alberto Martins Torres sentou-se no banquinho da minha sala para conversar sobre ultraleves anfíbios!
Recorte de jornal (via Franco Ferreira) sobre o voo recorde em Ubatuba, de 29 de julho de 1991.
Fotógrafo: Arnaldo Oliveira
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Foto (via Franco Ferreira) do U-4056, tirada durante uma reforma conduzida em Ubatuba. Na lateral direita aparece a ponta-de-asa de um MX1, o primeiro feito pela Microleve. Ambas as aeronaves são do 850 Aviation Clube e estão apreendidas pela INFRAERO junto com o primeiro Flyer GT.
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Sugeri assim: Ele faria o exame médico em um médico credenciado. Depois, nós dois treinaríamos uns toques e arremetidas em Ubatuba. Opôs-se o insigne aviador. Falaria com o Comandante do COMAR e faria o exame médico no HASP (Hospital de Aeronáutica de São Paulo). Eu tentei demovê-lo da ideia, sem sucesso.
Alguns dias depois, um abatido Torres encontrou-se comigo, de novo, na minha sala. Trazia às mãos um exemplar do seu livro que guardo com respeito e admiração. Uma das honrarias que recebi foi ser tratado de companheiro por Alberto Martins Torres!
TEXTO: Franco Ferreira (tenente-coronel da reserva da FAB)
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