Novo motor para o Tejas: Eurojet oferece preço menor que GE

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A Europa está em vantagem, em relação aos EUA, na disputa para vender à Índia um motor de nova geração para o caça leve Tejas (LCA – Light Combat Aircraft). Fontes do Business Standard afirmaram que na semana passada, quando as ofertas foram abertas, o consórcio europeu Eurojet ofereceu 99 motores EJ200 por 666 milhões de dólares, contra uma proposta de 822 milhões oferecida pela sua rival norte-americana, a General Electric.

Tecnicamente, ambos os motores já haviam sido julgados aptos para propulsar o Tejas Mark-II. De acordo com as regras de aquisição do Ministério da Defesa, quem oferecer o menor preço deverá receber o contrato.

Mas as champanhes não estão estourando ainda na Eurojet, segundo a notícia datada de terça-feira, 21 de setembro (na Índia). Ambos os fabricantes de motores foram chamados para alguns esclarecimentos na quarta-feira passada, e a preocupação de altos executivos da Eurojet é que Washington poderia pressionar Nova Deli a optar pela turbina norte-americana.

Foto e ilustração em raio-x (cutaway) do EJ200 – imagens Eurojet

Em jogo, estão mais do que algumas centenas de milhões de dólares. Especialistas da indústria disseram que a escolha do motor do Tejas poderia influenciar significativamente a disputa pelo avião de combate médio multitarefa (MMRCA – medium multi-role combat aircraft), um contrato de 11 bilhões de dólares em que a Força Aérea está avaliando seis caças. Entre eles, está o Eurofighter, que usa dois motores EJ-200. Já o GE F-414 é empregado pelo norte-americano F/A-18 Super Hornet e pelo Gripen NG sueco.

Segundo o Vice Marechal do Ar reformado Kapil Kak, do centro de estudos para propulsão aérea (Centre for Air Power Studies) que é o “think tank” oficial da Força Aérea Indiana, “está claro como a luz do dia. A seleção do EJ200 para o Tejas vai impulsionar as perspectivas do Eurofighter na disputa do MMRCA. Seus motores, que respondem por aproximadamente 15 a 20% do custo de um caça moderno, já seriam fabricados na Índia para o Tejas. Pela mesma razão, rejeitar o GE F-414 diminuiria as chances dos dois caças que voam com aquele motor.”

O Ministério da Defesa da Índia especificou que apenas dez motores poderiam ser produzidos no exterior. Todos os demais deverão ser fabricados na Índia, com a empresa transferindo tecnologia para sua fabricação. Se o EJ200 for produzido na Índia para o Tejas, a Eurofighter se beneficiaria de uma linha de montagem de motores já amortizada e também se credenciaria a créditos de offset para os motores EJ200 do Eurofighter “feitos na Índia”. Isso diminuiria o preço do Eurofighter – uma grande vantagem para um avião tido como de alta performance, mas caro. Logisticamente, também a Força Aérea Indiana poderia preferir um MMRCA com motores que já estivessem em seu inventário.

Por outro lado, a seleção do motor GE F-414 daria todas essas vantagens para os competidores que oferecem os caças F/A-18 Super Hornet e Gripen NG. Essa é uma das principais razões porque a Eurojet e a GE conduziram suas campanhas pelo motor do Tejas de forma tão competitiva.

Foto e ilustração das seções do GE F-414 – imagens GE Aviation

Além disso, a encomenda de 99 motores para o Tejas Mark-II é um “pé na porta” do mercado indiano. Levando-se em consideração que um caça utiliza dois ou três motores ao longo de sua vida útil, os quatro ou cinco esquadrões planejados para operar o Tejas Mark II, numa quantidade variando entre 84 e 105 caças, necessitarão entre 200 e 300 motores. Os 126 caças MMRCA poderiam utilizar muitas centenas adicionais.

O Business Standard, anteriormente, já noticiou que a indústria aeroespacial europeia planeja aumentar sua presença nos programas militares indianos por meio do Eurofighter e da competição do MMRCA. O primeiro movimento da EADS foi oferecer consultoria para acelerar os testes de voo do Tejas. Agora vem o segundo movimento:  ofertar agressivamente para vencer o contrato do motor do Tejas.

Fontes do Ministério da Defesa expressaram surpresa no fato da Eurofighter oferecer uma proposta 20% mais barata que a da rival General Electric, que é largamente conceituada como uma fabricante custo-efetiva. Mas conversações com executivos da EADS revelam que esta é uma estratégia de negócios bastante ponderada.

Na Agência de Desenvolvimento Aeronáutico, fontes confirmaram que ambos os motores atendem completamente aos requisitos técnicos para equipar o Tejas Mark-II. O  EJ200, que a Força Aérea Indiana prefere, é mais moderno, leve e flexível, com grande potencial de crescimento. Comparativamente, o GE F-414 é mais pesado, mas fornece um pouco mais de empuxo.

FONTE: Business Standard – Índia (tradução e adaptação: Poder Aéreo)

NOTA DO BLOG: vale lembrar que os protótipos atuais do Tejas são equipados com a turbina GE F404, predecessora da F414, devido ao fato do motor indiano Kaveri não estar, ainda, com o seu desenvolvimento completado. Veja os links a seguir, com matérias já publicadas no Poder Aéreo sobre o Tejas e os motores em disputa, para mais informações.

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