“Fazer mais sem ter mais”: mudanças nas compras de armas nos EUA
Plano do Departamento de Defesa dos EUA visa conciliar necessidades dos combatentes e dos contribuintes
A USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) divulgou um informe sobre mudanças que ocorrerão no sistema de compras de equipamentos e serviços do Departamento de Defesa dos EUA, responsável por valores de 400 bilhões de dólares por ano. Segundo autoridades do Pentágono, as mudanças são destinadas a economizar dinheiro dos contribuintes sem afetar a prontidão para missões.
“Estamos pedindo a vocês para fazer mais sem ter mais”, afirmou o subsecretário de defesa para aquisição, tecnologia e logística, Ashton B. Carter, em um memorando para sua equipe de aquisições, com data de 14 de setembro. O plano engloba 23 áreas de aprimoramento para tornar mais eficientes os escritórios de encomendas e contratos de defesa, sendo o primeiro anúncio oficial e detalhado após a iniciativa do Secretário de Defesa, Robert M. Gates, anunciada no mês passado, de economizar 100 bilhões de dólares nos próximos cinco anos sem afetar negativamente as forças combatentes.
Com as mudanças, sistemas de armas primordiais não terão mais que ser cancelados após gastar anos de desenvolvimento e bilhões de dólares em estouros de orçamentos. As autoridades responsáveis pelas encomendas vão considerar não apenas o quanto equipamentos e serviços custam, mas o quanto deveriam custar, segundo o subsecretário Carter.
Um exemplo é o F-35 Lightning II, cujo custo estimado subiu de 50 milhões de dólares em 2002 para 94 milhões neste ano.
Já o submarino de mísseis balísticos SSBNX, o sistema de ataque de longo alcance, o sistema de combate terrestre do Exército e o helicóptero presidencial do Corpo de Fuzileiros Navais são todos exemplos de sistemas que estão sendo encomendados sob as novas regras, a um custo de aproximadamente 200 bilhões de dólares, disse Carter.
O subsecretário usou o submarino como um exemplo da significativa economia de custos possível, afirmando que seu preço caiu de 7 bilhões para 5 bilhões de dólares.
O novo sistema vai recompensar empresas que, de maneira consistente, entreguem sistemas acessíveis no prazo, e aquelas que dividem qualquer aumento de custo necessário. Elas deverão produzir sistemas em um tempo mais curto e especificado do que antes era permitido. O contrato para o F-18, por exemplo, foi estabelecido em cinco anos, permitindo melhor gerenciamento e supervisão, segundo Carter.
Outras mudanças que deverão ser implementadas:
- Eliminar redundâncias em portfólios
- Dar incentivos à indústria para reduzir ao invés de aumenta custos
- Colocar processos em prática para garantir uma competição real
- Exigir arquitetura de sistema aberta
- Reforçar o papel das pequenas empresas
As mudanças vão requerer atenção especial para serviços contratados, uma área que cresceu substancialmente nos últimos anos, chegando a 200 bilhões em custos anuais para o departamento. Segundo Carter, “metade dos nossos custos são de serviços, e nosso desempenho é pior nisso.” Ele também acrescentou que processos burocráticos improdutivos também deverão ser revistos, internamente: “Não podemos fugir disso. Nós contribuímos para baixar a produtividade da indústria, então temos que assumir a responsabilidade por isso.”
O subsecretário considera que as mudanças são metas bastante razoáveis, e que é “totalmente possível economizar 100 bilhões dos 400 bilhões que gastamos anualmente em contratos. Todos que hesitam ou temem seguir por esse caminho devem considerar as alternativas: promessas não cumpridas, programas cancelados, imprevisibilidades e incertezas que são ruins para a indústria, acabam com a confiança dos contribuintes e, pior de tudo, levam as forças a perder capacidades.”
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