Ipanema, o ‘quarentão’!
Embraer comemora 40 anos do primeiro voo do seu avião agrícola
A Embraer está comemorando 40 anos do primeiro vôo da aeronave agrícola Ipanema. O projeto do avião começou no final da década de 1960, sob demanda do Ministério da Agricultura, que solicitou ao Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) aconcepção de uma aeronave agrícola para substituir os modelos importados. O projeto tornou-se realidade com a criação da Embraer, em 1969. Hoje, o Ipanema é líder na aviação agrícola brasileira, com mais de 1.100 unidades entregues e 75% da frota em operação.
O Ipanema é um avião concebido para modernizar a agricultura brasileira. Os estudos iniciais começaram em 1969 e o nome escolhido foi uma homenagem à Fazenda Ipanema, situada em Iperó, a 128 km da cidade de São Paulo. Na época, esta propriedade abrigava uma escola de formação de pilotos e um centro de pesquisas de aviação agrícola mantidos pelo Ministério da Agricultura.
O vôo inaugural ocorreu em 31 de julho de 1970 (foto acima) na sede da Embraer em São José dos Campos (SP) e a homologação foi obtida em dezembro de 1971. A empresa Corsário de Aviação, de Goiás, encomendou dez aeronaves em março de 1971 e tornou-se o primeiro cliente do Ipanema. Em fevereiro de 1972, o exemplar número 1, matrícula PT-GBA, foi entregue e começou a ser utilizado no combate de pragas que ameaçavam plantações de algodão.
As vendas do Ipanema não pararam de crescer, colaborando significativamente para o desenvolvimento da Embraer. Em novembro de 1973, o 100º avião foi entregue para os Serviços Agro Aéreos do Sul. Em 1975, o Ministério de Agricultura e Pesca do Uruguai encomendou dez unidades do Ipanema, juntamente com cinco EMB 110 Bandeirante, marcando a primeira exportação da Embraer.
Em 1980, a Embraer adquiriu a Indústria Aeronáutica Neiva, empresa fundada em 1954 e que produzia aeronaves de pequeno porte. Com a integração das duas empresas, a produção do Ipanema foi transferida, em 1982, para Botucatu (SP), onde até hoje é executada (foto abaixo).
Para adaptá-lo à realidade das operações e mantê-lo como um produto atual e moderno, a Embraer realizou, ao longo dos anos, diversas modificações no projeto do Ipanema, tais como hélice de velocidade constante (passo variável), rodas maiores, motor mais potente, com 300 HP, bequilha de maior diâmetro, novos amortecedores e perfil da asa, entre outras.
A partir de 1992, com o aumento da capacidade do reservatório para aplicação para 950 litros, o novo modelo EMB 202 foi carinhosamente apelidado de Ipanemão. Esta versão também incorporava melhorias aerodinâmicas para garantir maior velocidade e estabilidade e um inovador sistema de pulverização eletrostática.
A mais recente e significativa mudança, no entanto, concretizou-se em 2005. No dia 15 de março, foi entregue o milésimo Ipanema. O exemplar era, coincidentemente, o primeiro movido pelo motor de 320 HP a etanol, o mesmo combustível desenvolvido no Brasil e utilizado por grande parte da frota nacional de automóveis. O projeto foi desenvolvido em parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
A partir de então, a Embraer começou a oferecer também kits de conversão para etanol aos proprietários de aviões movidos a gasolina de aviação (AvGas). Atualmente, cerca de 25% da frota brasileira utiliza etanol. Além de ser menos poluente, o uso deste combustível prolonga a vida útil do motor, reduzindo o custo de operação da aeronave. O Ipanema consagrou-se como o primeiro avião no mundo a ser produzido em série com motor movido a etanol.
O reconhecimento da grande inovação na aviação mundial veio rápido. Em 2005, o Ipanema recebeu o Prêmio da Indústria Aeronáutica na categoria Aviação Geral, promovido pela prestigiada revista britânica Flight Internacional. No mesmo ano, outra importante publicação internacional, a revista norte-americana Scientific American, considerou a novidade uma das 50 invenções mais importantes do ano. No Brasil, o Ipanema foi condecorado com o Prêmio Melhores da Terra, do Grupo Gerdau.
“Não chegaríamos aonde chegamos se não fosse por meio da contribuição de todos que dedicaram e ainda dedicam tempo e atenção ao desenvolvimento e à produção do Ipanema”, comenta Almir Borges, Diretor Industrial da Unidade Botucatu. “Esperamos manter o Ipanema operante por muitos anos mais e para isso continuaremos avaliando melhorias adicionais ao produto que atendam às necessidades dos nossos clientes.”
Enfim, muita coisa mudou nessas quatro décadas, mas a contribuição do Ipanema à agricultura nacional é incontestável. O veterano de 40 anos continua com o mesmo fôlego do pioneiro, motivado por constantes inovações tecnológicas. A flexibilidade do avião permite o seu uso não somente na pulverização agrícola, mas também na semeadura de lavouras, povoamento de rios e combate a vetores e larvas. O Ipanema é hoje um símbolo da agricultura brasileira e da aviação mundial.
FONTE: Embraer