Batalha Aérea
PF compra aviões não tripulados e irrita militares. FAB ameaça interceptar os voos se não tiver controle das operações
Oficialmente, ninguém fala da confusão. Mas a queda de braço segue nos bastidores. Desde 2004 os militares tentam desenvolver um Vant brasileiro para o controle das fronteiras. Como ainda não há avanço, a PF decidiu comprar as três aeronaves israelenses, de um total de 14 que planeja adquirir, ao custo de R$ 8 milhões cada uma. Assim acabou provocando ciúme nos militares que, paralelamente, testavam modelos diferentes. A FAB alega que tem prerrogativa na defesa do espaço aéreo e que as aeronaves da PF não foram integradas ao Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro, colocando em risco voos comerciais. Lógico que ninguém quer derrubar o Vant. Mas sem conhecimento do plano de voo, a FAB pode estragar uma operação da PF, diz um oficial. Ele afirma que, por voar na mesma altitude de aviões comerciais, os Vants poderiam até causar uma colisão.
No início do ano, Saito ligou para Corrêa propondo uma parceria. O diálogo não avançou, e a PF acabou não sendo convidada sequer para a apresentação do programa de Vants da FAB, no dia 10 de maio. Qualquer desconforto que tenha havido foi individual, de algumas pessoas, não entre as instituições, pondera o diretor da PF. Na tentativa de encontrar uma solução para a guerra aérea, Jobim propõe o uso compartilhado dos Vants, pois considera que a PF não teria condições de operar sozinha o complexo sistema de voo remoto. De qualquer modo, a FAB tende a perder espaço na defesa aérea das fronteiras, alerta o analista militar Nelson During, do site Defesanet. É bom os militares se acostumarem, pois não serão mais os únicos geradores de informações estratégicas, diz ele.
FONTE: Isto é – 19/07/2010