Um motor só será suficiente?
Canadá anuncia compra do F-35 e debate volta à questão monomotor X bimotor
Ele foi acusado de ser demasiadamente caro, demasiadamente lento (no ar, e no seu desenvolvimento), não furtivo o suficiente e possivelmente até mesmo incapaz de se defender contra avançados caças russos. Em suma, os críticos argumentam que o F-35 não é “o melhor avião que podemos oferecer aos nossos homens e mulheres de uniforme”, como ministro da Defesa, Peter Mac Kay disse ao anunciar a compra ontem (16-07).
A questão crucial para o Canadá é o fato do F-35 ter um único motor. A Força Aérea Canadense, que historicamente optou por caças bimotores, acredita que eles tenham uma melhor chance de sobrevivência para patrulhar o vasto território do Canadá.
O Tenente-Coronel da Reserva Billy Allen, instrutor do Royal Military College, disse que no caso de uma falha em um dos motores durante, digamos, uma missão sobre o Ártico, o piloto e o avião teriam alguma chance de voltar à base – um cenário muito melhor do que um avião acidentado e um o piloto lutando pela sua sobrevivência na tundra.
“Se um motor apagar, você ainda pode voltar para casa”, afirmou o Tenente-Coronel Allen. “No Canadá, isto é considerado importante. A meta era recuperar os aviões e repará-los, porque só tínhamos [138], um número muito pequeno se comparado a outras naçõess que voam o F-18.”
Os outros concorrentes que dizem que dois motores são mais vantajosos são a Boeing, fabricante do F/A-18 E/F Super Hornet, um “primo avançado” do atual CF-18, e o consórcio Eurofighter, desenvolvedor do Typhoon. Ambos queriam que o Ministério da Defesa Nacional optasse por um dos dois caças bimotores, como foi feito durante a década de 1970 quando o Canadá escolheu o F/-18 no lugar do F-16.
A vantagem de se ter dois motores “é muito evidente”, disse o diretor do programa Super Hornet em entrevista ao Post.
Os defensores do JSF dizem que a tecnologia do motor do avião é muito avançada e que as taxas de atrição do monomotor F-16 são comparáveis às do F-18.
Aqueles que apoiam o JSF também apontam o fato do F-35 ser o único caça de 5a geração disponível no mercado aos países da OTAN (ou compra-se o JSF ou você vai para os russos). O Brigadeiro da reserva Paul Hayes, ex-piloto, disse em uma entrevista ao Post de ontem que o F-35 “é realmente um passo a frente de toda a tecnologia existente atualmente. Não há nada igual a ele no mercado”.
Todos os potenciais concorrentes ao F-35 – o Typhoon, o Super Hornet, o sueco Saab Gripen, para não mencionar o Rafale da França (muito caro para ser considerado) – representam, para a maioria dos observadores, a tecnologia de 10 anos atrás. Apesar de suas respectivas empresas informarem o oposto, o consenso nos círculos militares é de que nenhum desses aviões formará a linha de frente em 2030. Nenhum deles são verdadeiros aviões stealth, enquanto o F-35 tem uma assinatura radar do tamanho de uma bola de golfe.
Embora a Austrália tenha decidido comprar o Super Hornet, a compra foi feita com o propósito de preencher a lacuna entre os seus próprios F-18 Hornet e seu futuro F-35. O Canadá acabou pulando uma geração.
De qualquer forma, o F-35 foi a única opção viável para o Canadá. Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Itália, a Austrália e Israel já tinham feito as suas escolhas em relação ao JSF como próximo caça, o que significa milhares sairão da linha de montagem nos próximos anos (incluindo mais de 2.400 para a US Navy , USAF e USMC).
A falta de opções para os membros da OTAN tirou do Canadá a chance de optar por qualquer outra aeronave e pode explicar em grande parte a polêmica escolha do JSF. Mas pelo menos garante a possibilidade da nossa força aérea pedir emprestado os mesmos sobressalentes dos nossos aliados quando operarem em bases aéreas comparilhadas nas próximas décadas.
FONTE: National Post
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Poder Aéreo
As opiniões expressas no texto não refletem, necessariamente, as opiniões do Poder Aéreo.