Reino Unido e França lançarão ‘ambicioso estudo de cooperação’
“Decidimos, em conjunto com meu homólogo inglês, lançar uma operação muito ambiciosa”, disse Morin ao Comitê Parlamentar de Defesa aos 7 de julho, segundo a ata oficial da reunião.
“O novo governo britânico quer que analisemos de forma muito detalhada quais são as competências e os meios que cada um dos dois países devem reter completa soberania, quais podem ser agrupados, e quais pode haver interdependência”, disse ele.
O trabalho do lado francês deve ser concluído até o final de julho, disse Morin.
“Vamos comparar nossas notas em novembro”, disse. “Os britânicos estão prontos para encarar a cooperação, mesmo em assuntos altamente confidenciais”.
“Uma das soluções que podemos imaginar em lidar com a redução de capacidades é considerar um reforço da cooperação operacional com alguns dos nossos parceiros europeus, nomeadamente o Reino Unido, que é confrontado com o mesmo dilema que nós”, disse.
O governo britânico está comprometido a publicar a sua defesa estratégica e análise de segurança em 20 de outubro, enquanto que um documento separado de estratégia de defesa industrial está previsto para o próximo ano.
Morin disse que uma das áreas de cooperação é reabastecimento aéreo.
“Para os reabastecedores aéreos MRTT (Multi-Role Tanker Transport) tentaremos elaborar um plano comum com os britânicos”, disse.
A França está postergando inúmeros programas, incluindo um pedido de 14 aeronaves MRTT, em um esforço para cortar €3,5 bilhões (US$ 4,5 bilhões) do orçamento de defesa ao longo dos próximos três anos. Um pedido para uma frota de reabastecedores novos valeria cerca de €4,2 bilhões, baseado em um valor estimado de 300 milhões de euros por Airbus A330 na versão militarizada MRTT.
Entre os programas que deverão ser atrasados está o sistema de satélite Ceres de inteligência electrónica, disse.
Como parte do orçamento, o governo assumiu que haverá vendas de exportação do Rafale, o que permitiria uma pausa de dois anos de encomendas no mercado interno do caça-bombardeiro, disse Morin.
“Espero que esta meta seja alcançada, pois será extremamente difícil encontrar medidas que atenuem a situação”, disse.
Ele disse que o principal risco é a ausência das vendas externas do Rafale.
A Dassault Aviation deve entregar 11 aeronaves Rafale por ano para manter sua linha de produção trabalhando em um ritmo econômico viável, e se o governo francês tivesse que encomendar unidades para compensar uma lacuna nas exportações, um adicional de €1 bilhão seria necessário.
Esse potencial incremento de financiamento foi a razão pela qual o governo decidiu adiar a atualização de cerca de 70 Mirage 2000D, caças-bombardeiros de uma variante de defesa aérea, disse. A falta de uma ameaça imediata ao espaço aéreo francês e a disponibilidade de Mirages significa que um atraso nas encomendas do Rafale representaria pouco perigo para a segurança nacional, mas colocaria problemas para a indústria, disse ele.
O trabalho nos Mirage custaria cerca de €700 milhões, segundo a Força Aérea Francesa.
Na potencial decisão de adquirir os UAV Reaper dos Estados Unidos, o Serviço de Aquisições da “Délégation Générale pour l’Armement” (AGD), projetou um custo de €1,5 bilhões na oferta francesa líder para um drone comparável, enquanto que o produto americano custaria cerca de 700 milhões de euros, disse Morin.
Há uma contradição entre uma empresa francesa que pede ao governo ajuda na exportação dos seus produtos, e ao mesmo tempo, pede ao Estado para comprar algo que custará €800 milhões a mais do que seu concorrente, ele disse.
Quanto aos mísseis, a França ofereceu-se para vender o míssil de longo alcance Meteor para os Emirados Árabes Unidos, disse Morin.
Paris e Abu Dhabi estão em conversações detalhadas sobre o co-desenvolvimento de uma versão avançada do Rafale, incluindo um motor M88 com 9 ton de empuxo e melhor radar de varredura eletrônica e suíte de guerra eletrônica”
Outros programas a serem adiados, por conta dos cortes de custeio são a implementação do nível quatro do SCCOA sistema aéreo de comando e controle, no valor de cerca de €500 milhões em novos radares, e alguns elementos do programa Scorpion de modernização do armamento de terra, segundo Morin.
FONTE: Defensenews / TRADUÇÃO: Vader