A Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira – Parte 3

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A foto do alto é de um F-5E da FAB ainda nos EUA, fazendo voo de testes. Notar que os mísseis que ele está levando são do modelo AIM-9P, mas quando chegaram ao Brasil usaram o AIM-9B

A aquisição dos Mirage IIIEBR pela FAB não resolveu o problema dos Esquadrões de Caça, pois estes aviões foram alocados numa nova unidade de interceptação, a 1ª Ala de Defesa Aérea, instalada na Base Aérea de Anápolis no Planalto Central.

A FAB deixou claro aos americanos que se a permissão de compra do F-5 não fosse dada, ela iria adquirir jatos de outro tipo em qualquer outro país. Provavelmente a FAB iria comprar a versão de ataque do Mirage, o Mirage 5.

Finalmente, em outubro de 1974, durante o governo Geisel, a FAB recebeu o sinal verde do Governo Americano e encomendou à Northrop 42 caças Northrop F-5 (36 do modelo E, Tiger II e 6 do modelo B), ao preço na época de 72 milhões de dólares.

A aquisição dos F-5 permitiu à FAB equipar somente três dos seus Esquadrões de Caça. O 1º/4º GAV, que foi citado na primeira parte desta série de matérias como um dos quatro esquadrões de caça equipados com jatos nos anos 50 / 60, foi reequipado com o AT-26 Xavante (outros esquadrões, entre já existentes e novos, tanto da aviação de ataque como da de reconhecimento, também foram equipados com o Xavante e, posteriormente, com o A-1)

A FAB comprou inicialmente 6 F-5B para treinamento, porque o F-5F ainda não existia. O F-5B não tinha as mesmas características de voo do F-5E, por isso acabou sendo desativado para dar lugar aos F-5F adquiridos da USAF

Em 12.3.75 chegaram os 3 primeiros F-5 ao Brasil, do modelo B, biplace de treinamento, na Base Aérea do Galeão. Em 3.10.1975 chegaram à Base Aérea de Santa Cruz os 6 primeiros F-5E, que já estavam no Brasil, mas em Anápolis, aguardando o término das obras na pista da BASC.

Em 22.4.1976 atiraram pela primeira vez, oficialmente, contra alvos no solo, no aniversário do 1º. Grupo de Aviação de Caça. Alguns dos F-5E foram entregues com plataformas de navegação inercial.

O primeiro reabastecimento em voo ocorreu (e primeiro no Brasil) ocorreu em 4.5.1976, por um C-130 da FAB.

Devido à atrição, com a perda de aeronaves em acidentes, em 1989 a FAB teve que buscar mais F-5E usados na USAF, adquirindo quatro caças F-5F (por US$ 5,9 milhões) e 22 F-5E (por US$ 7,1 milhões). Os jatos americanos pertenciam a esquadrões Aggressors da USAF e chegaram ao Brasil com seu esquema de cores característico.

Em 2008 a FAB comprou também 11 caças F-5 adicionais (sendo 3 F-5F) da Jordânia, com o objetivo principal aumentar o número de aeronaves biplaces do tipo na FAB.

Modernização

Um programa de modernização dos aviões F-5 Tiger II da FAB estava sendo pensado desde o final da década de 1980, visando dotar os aviões com aviônica no estado-da-arte e recuperar seu poder de combate do início de carreira.

O Programa de modernização só recebeu autorização para ser implementada no ano 2000, durante o Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, num contrato de US$ 285 milhões para 46 aviões.

Os trabalhos de modernização estão sendo realizados pela Embraer em sua unidade de Gavião Peixoto, interior do estado de São Paulo. Além da Embraer e da israelence Elbit, o programa F-5BR conta com a participação das empresas Honeywell americana (plataforma de navegação inercial), da italiana Galileu (radar multimodo) e da Elisra, também de Israel (RWR).

O Programa F-5BR tornou o F-5E/F compatível com os A-29 Super Tucano e, futuramente, com o os A-1M. Com a padronização, os custos de manutenção estão sendo reduzidos.

Com a modernização os F-5 da FAB terão uma sobrevida de 15 a 20 anos, prazo necessário à escolha da futura aeronave de combate (programa F-X2) da Força Aérea.

Empregando tecnologia de 4ª geração e equipado com telas digitais, o cockpit do novo F-5M proporciona baixa carga de trabalho para o piloto. A configuração permite o controle total dos sistemas através de comandos instalados no manche e na manete de potência (HOTAS).

Dois computadores de alto desempenho e um sistema integrado de navegação INS/GPS também foram incluídos. Três telas multifuncionais em cores e um visor tipo HUD (que projeta informações à frente do piloto) levam ao F-5M o que de melhor existe em interface homem-máquina. Todos os sistemas de visualização e iluminação do F-5M foram projetados para o uso com óculos de visão noturna.

O F-5M também incorpora sistema de visor de mira no capacete, tipo DASH, enlace de dados, sistema de planejamento de missão e capacidade para treinamento virtual em vôo.

A aeronave está qualificada com o armamento padrão já existente na FAB, como os mísseis ar-ar de curto alcance MAA-1 Piranha, o israelense Python III, bem como bombas e casulos externos. Também estão disponíveis os sistemas de armamento (convencional e inteligente) usados nos caças de nova geração, incluindo a capacidade de utilizar mísseis BRV (Além do Alcance Visual) Derby e bombas guiadas a laser.

Principais recursos incorporados no programa de modernização dos F-5BR:

  • Substiuição dos mostradores analógicos por telas coloridas de cristal líquido de múltiplas funções (MFCD – conceito glass cockpit).
  • Tecnologia HOTAS (Hands On Throttle And Stick) em que todos os principais comandos estão posicionados no manche e na manete de potência.
  • HUD (Head-Up Display) visor ao nível dos olhos para que o piloto possa verificar todas as principais informações do painel sem ter de desviar o olhar para baixo.
  • Total compatibilidade com os óculos de visão noturna NVG (Night Vision Goggles)
  • Capacetes com sistema de mira HMD (Helmet-Mounted Display) tipo DASH da Elbit
  • RWR (Radar Warning Receiver) da Elisra, para autodefesa.
  • Rádios digitais V/UHF Rohde & Schwartz M3AR (Serie 6000), que podem receber/transmitir comunicações de voz e dados com proteção eletrônica (criptografia), salto e compressão de freqüências, assim permitindo a transferência de dados entre as aeronaves F-5M, os Embraer E-99 de alarme aéreo antecipado ou os controles de terra.
  • Radar Doppler FIAR Grifo-F com diversos modos de operação ar-ar, ar-solo e anti-navio, com grande resistência a bloqueios e despistamentos eletrônicos ou mecânicos. Seu alcance é de 56 Km para contatos na mesma altitude, 37 Km para contatos voando abaixo (look down-shoot down) e de 110-148 Km para alvos marítimos.
  • Modernos sistemas de navegação, incluindo um sistema inercial/GPS da Rockwell modelo H-764G a laser e um outro GPS de backup.

O primeiro F-5M modernizado foi entregue no dia 21/setembro/2005 ao 1º/14º GAv Grupo de Aviação – “Esquadrão Pampa”, da Base Aérea de Canoas, RS.

A modernização dos F-5 colocou a FAB novamente no estado-da-arte, com a atualização doutrinária e resultados práticos obtidos em exercícios realizados no Brasil (Cruzex) e no exterior (Red Flag 2008).

Com o F-5M a FAB finalmente entrou na arena de combate BVR, com o emprego de mísseis israelenses Rafael Derby.

FOTOS: Arquivo de Aparecido Camazano Alamino (com exceção da primeira)

Continua em próximo post…

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