Como estava o Programa F-X oito anos atrás

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(…)Março [de 2002] chegou e nada aconteceu. Nenhuma “short list” foi produzida e todos os competidores continuavam no páreo. O programa começava a se desviar de suas metas iniciais. No mês seguinte equipes da FAB começaram a visitar as instalações dos concorrentes e os aviões foram voados por pilotos brasileiros.

Foi também em abril que a agência DSCA do Pentágono notificou o congresso dos EUA sobre uma provável venda de caças F-16 ao Brasil. No pacote, avaliado em 909 milhões de dólares, estavam 48 mísseis AMRAAM AIM-120C, liberados pelo Departamento de Defesa para países da América Latina.

Todas as informações coletadas geraram novos documentos e com base nestas informações representantes dos consórcios foram chamados para novos esclarecimentos. Toda esta etapa foi encerrada no dia 20 de maio de 2002, quando os cinco consórcios apresentaram suas melhores e definitivas ofertas (best and final offer – BAFO).

Deste ponto em diante, coube ao Ministério da Defesa analisar e encaminhar o documento ao Conselho de Defesa Nacional (CDN), que deveria apontar o vencedor. Existia uma certa pressa da Aeronáutica em definir o F-X, pois havia o risco do processo ser “contaminado” pelas eleições presidenciais que se aproximavam. Dependendo dos resultados eleitorais, os rumos do projeto F-X poderiam ser modificados.

Não teve jeito, o programa F-X passou a ser explorado pelos candidatos. Deve-se destacar que os três principais concorrentes à presidência defenderam abertamente a proposta que incluía a Embraer sem ao menos ter acesso ao documento produzido pela FAB. Para complicar mais o quadro o Tribunal de Contas da União (TCU) passou a investigar supostos favorecimentos no processo.

Em agosto o governo já sinalizava que uma decisão final ficaria para a próxima administração, independentemente do candidato vitorioso. A FAB sabia que, naquela altura do campeonato, qualquer decisão poderia não ter validade para o governo seguinte. Pelo menos os programas P-X e CL-X, que não tinham tanta exposição política, foram salvos. Na reunião do CDN ocorrida no dia 4 de novembro ficou decido que a EADS/CASA modernizaria os P-3A da FAB, além de fornecer 12 aviões C-295. O F-X não seria decidido naquele momento. Era a FAB entregando os anéis para não perder os dedos.

Quando saiu o resultado final das eleições o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou que a escolha do futuro caça da FAB seria feita pelo novo governo com base nos documentos produzidos pelo Ministério da Aeronáutica. Segundo especulações da época o relatório era extremamente favorável ao Gripen. O programa F-X vivia momentos de apreensão e expectativa. (…)


NOTA DO BLOG: Texto retirado do artigo “Vida e morte do Programa F-X”, originalmente publicado em 21 de dezembro de 2009. Para ler o texto completo sobre o histórico do Programa F-X clique aqui.

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