Proposta da Saab para o Brasil é inédita no mundo
Diretora da indústria sueca explica como a transferência de tecnologia para a fabricação de caças supersônicos pode ajudar o País e o ABCD
ABCD MAIOR – Por que a proposta da SAAB é diferente das outras empresas que concorrem na licitação FX-2?
Anne Lewis-Olsson – Porque traremos um programa de desenvolvimento para o Brasil. É uma parceria que queremos conduzir lado a lado com o País. A transferência de tecnologia é a principal vantagem da nossa proposta. Isso ampliará o desenvolvimento industrial da região que vai receber a tecnologia, no caso, especialmente, o ABCD. A chegada do polo aeronáutico a São Bernardo e de fábricas voltadas para o setor aeroespacial trará mais tecnologia e novos produtos. A presença das indústrias do setor automotivo da Região facilitam ainda mais a transferência de tecnologia, pois as empresas já estão preparadas para recebê-la. É isso que acreditamos que acontecerá. Ao obter o conhecimento tecnológico, o Brasil passará a dominá-lo e, assim, o aplicará conforme as necessidades do País. O retorno é muito maior do que o investimento. Há estudos apontando que este é um setor que promove o retorno financeiro duas vezes e meia maior do que o valor investido.
ABCD MAIOR – A Saab já transferiu tecnologia para a produção de caças para outros países?
Anne – Venho trabalhando com o Gripen desde 2002. Trabalhei nas campanhas da Hungria, da República Checa e da África do Sul. No caso sul-africano aplicamos o projeto de transferência de tecnologia, pois eles queriam desenvolver sistemas de vôo. Os testes com as aeronaves eram feitos lá. Nós ensinamos o que eles precisavam e agora eles fazem tudo por conta própria. É isso que propomos no caso brasileiro. Para que haja a transferência é preciso que o país tenha capacidade de absorver a tecnologia. A Hungria e a República Checa não tinham as indústrias adequadas para tanto, então vendemos aeronaves prontas.
ABCD MAIOR – O Brasil teria capacidade para absorver a tecnologia?
Anne – O Brasil tem a base para administrar a tecnologia e o projeto de transferência de tecnologia que propomos na licitação FX-2 é inédito para a Saab em todo o mundo. A produção brasileira possibilitaria a comercialização mundial dos caças e nós vemos um horizonte promissor por aqui. Há muitas aeronaves velhas que precisam ser trocadas no mundo e, com a parceria futura, o País terá direitos de venda para a América Latina e poderão ser líderes de mercado. Isso nos dá a possibilidade de trabalharmos juntos também na comercialização. Sendo modestos creio que poderemos atuar em 10% ou 20% dos negócios envolvendo caças supersônicos no mundo nos próximos 20 anos. Ao todo, 3 mil aeronaves precisarão ser renovadas, mas isso não deverá acontecer com todas. (Colaborou Vinicius Morende)
NOTA DO PODER AÉREO: O ABCD Maior publicou no primeiro número de sua revista INOVABCD (clique na imagem da capa para baixar o PDF) um trabalho completo sobre a proposta da Saab para o F-X2. Uma das partes interessantes do texto segue abaixo:
Gripen NG na avaliação da aeronáutica
dos concorrentes sob o ponto de vista operacional, logístico e de transferência de
tecnologia. Veja as considerações a seguir:
Operacional
O Gripen NG é a melhor alternativa para a aviação da FAB cumprir sua missão de reconhecimento, interceptação de aeronaves, escolta, controle do território e ataque de objetivos no solo. O Gripen é, por natureza, um avião “multimissão”, o que significa modernizar uma esquadria especializada em cada missão especifica.
Logística
O Gripen NG é a melhor alternativa para a manutenção da esquadrilha, com menor custo operacional, responsável pelo maior impacto sobre o orçamento da FAB. Ela estima que o custo de manutenção do Gripen NG representa quase 1/3 dos custos dos concorrentes, o que significa poder voar mais, fazer mais treinamento, ou seja, obter maior eficácia do equipamento.
Transferência de tecnologia
A FAB se orgulha de ter tido sempre um forte enfoque na pesquisa e desenvolvimento e avalia que o acordo com a SAAB é o que mais vai proporcionar aporte de novos conhecimentos para a indústria brasileira em campos como o dos materiais compostos (fibra de carbono), fartamente usados na industria aeronáutica; fusão de dados, integração de sistemas e motores, homologações internacionais e aerodinâmica supersônica.
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