As informações e imagens deste “post” foram extraídas de matéria especial do número mais recente da Fox Three (nº 14) , a revista de divulgação do Rafale, disponível no site da Dassault. Podem servir como ponto de partida (juntamente com outras matérias do Blog, disponíveis nos links abaixo) para uma discussão a respeito da suíte de sensores, ativos e passivos, desenvolvidos pela Thales para a versão F-3 da aeronave.  Lembrando que o texto (traduzido do original, em inglês) é uma peça de divulgação.

Os sensores e suíte integrada de aviônicos fornecidos pela Thales para a mais nova versão do caça “omnirole” Rafale incluem: radar de varredura eletrônica RBE2, sensores optrônicos frontais (Front Sector Optronics – FSO), suíte de guerra eletrônica Spectra, pod de designação de alvos Damocles e o sistema de reconhecimento AEROS.

Todos os sensores são integrados e os dados são automaticamente fundidos para reduzir a carga de trabalho do piloto, aumentando a sua eficiência tática. “Nossa meta sempre foi evitar a saturação do piloto. A fusão inteligente de dados melhora signifcativamente as taxas de sucesso das missões por meio de uma maior consciência situacional dos tripulantes e uma maior capacidade de sobrevivência da aeronave. Essa é nossa vantagem crucial sobre os competidores”, explica Jean-Noël Stock, diretor do programa Thales Rafale.

AESA

Desde o início, as Forças Armadas Francesas adotaram um radar de varredura eletrônica inovador para o Rafale. A varredura eletrônica tem diversas vantagens em relação aos sistemas mecânicos de outros radares: pode-se varrer o espaço aéreo mais rapidamente, permitindo que alvos sejam acompanhados fora do volume de busca selecionado e, além disso, os modos do radar podem ser intercalados.

Os primeiros Rafales foram equipados com uma antena passiva, que agora está sendo mudada para uma tecnologia de varredura eletrônica ativa.  Segundo Jean-Noël Stock, “no final dos anos 1990, pensamos que havia certos riscos envolvidos na opção de ir diretamente para o AESA, por isso escolhemos o PESA para as primeiras versões do Rafale.”

“A varredura ativa é feita por módulos de transmissão e recepção de estado sólido GaAs, que podem direcionar e reposicionar o feixe de radar rapidamente, e em qualquer direção. A nova versão do radar também incorpora uma nova unidade de processamento de dados e uma estrutura reforçada devido ao maior peso do AESA.”

“O alcance de detecção é melhorado em mais de 50% e o radar pode ‘olhar’ para variadas direções ao mesmo tempo, aprimorando as capacidades de acompanhamento. Também há melhorias no ângulo de cobertura (em azimute), permitindo também que alvos com pequena seção reta radar, como mísseis de cruzeiro, sejam detectados. Além disso, radares AESA são mais confiáveis e baratos para manter”, afirma Stock.

O demonstrador do AESA voou pela primeira vez em 2002 e, desde então, acumulou centenas de horas de voo em apoio aos esforços de desenvolvimento. Além disso, o AESA foi avaliado com sucesso por diversos clientes em potencial, e uma linha de produção europeia para os módulos transmissores / receptores foi instalada. Quando da publicação do texto original da Fox Three nº14 (final de 2009),  seis radares AESA de desenvolvimento haviam sido entregues e três exemplares de pré-serie estavam em produção, com as primeiras entregas para a Dassault Aviation planejadas para 2011.

INTERCEPTAÇÃO PASSIVA

O Rafale “é o único caça equipado com um sistema integrado otimizado para identificação de alvos e avaliação de danos de batalha a distâncias stand-off (seguras)”. Os sensores optrônicos frontais (Front Sector Optronics – FSO) compreendem um telêmetro laser do tipo “eyesafe”, para telemetria, eum poderoso sensor de TV para identificar alvos e determinar a quantidade de aeronaves hostis em uma formação.

Em conjunto com o míssil ar-ar BVR (beyond visual range – além do alcance visual) Mica IR, de guiamento infravermelho, o FSO permite interceptações totalmente passivas, sem a emissão de radar. No modo ar-terra, o FSO é usado para determinar com precisão as coordenadas do alvo antes de atacá-lo com armas de precisão como o AASM (Air-to-Surface Modular Armament – Armamento Ar-Solo Modular) ou LGBs (Laser Guided Bombs – Bombas Guiadas a Laser).

O sistema foi concebido para que um sensor IR ( infravermelho) para busca passiva, acompanhamento de alvos aéreos e identificações noturnas pudesse ser integrado ao FSO num estágio posterior. Um sensor do tipo, operando na banda entre 8 e 12 μm, tem sido empregado pela Força Aérea Francesa (Armée de l´air) no padrão F2 do Rafale, e uma versão melhorada, trabalhando na banda 3 a 5 μm está sendo estudada para o futuro crescimento do FSO. O FSO está em serviço desde 2005 e foi provado em combate.

SPECTRA

O Spectra é uma suíte de guerra eletrônica multiespectral, totalmente integrada e desenvolvida para garantir efetiva detecção eletromagnética, aviso de laser e de aproximação de míssil utilizando tecnologia de detecção IR passiva, além de bloqueio (jamming) e lançamento de chaff e flare. O sistema foi desenvolvido para ter uma precisão excelente na procura  tridimensional e tempo extremamente curto para identificação do sinal.

A suíte Spectra também foi concebida para que o alto poder de processamento proporcionasse detecção e desempenho em jamming, por meio de antenas ativas, que otimizasse a resposta, mesmo em um ambiente de múltiplas ameaças.

Tanto a localização quanto os tipos de sistemas detectados pelo Spectra podem ser gravados para posterior análise, dando aos operadores do Rafale uma substancial capacidade ELINT (electromagnetic intelligence) já incorporada ao caça.

DAMOCLES

O pod de designação Damocles, da Thales, está sendo integrado ao Rafale para suprir uma das maiores necessidades da guerra moderna, que é a habilidade de detectar, localizar, identificar e engajar alvos de superfície a uma distância segura (stand off).

Novas tecnologias de laser e de infravermelho (detectores de terceira geração) foram escolhidas para o Damocles com o objetivo de aumentar os alcances de detecção e reconhecimento, para que armas guiadas a laser possam ser lançadas a distâncias e altitudes maiores, reduzindo a vulnerabilidade do caça a sistemas de defesa de curto e médio alcance.

Em meados de 2009, o Ministério da Defesa da França concedeu um contrato para o demonstrador Mastrid (Multi-context Airborne System for Target Recognition and IDentification – sistema embarcado multicontexto para identificação e reconhecimento de alvos), para garntir que as novas capacidades estejam disponíveis para o Damocles XF (eXtended Features – características extendidas) a partir de 2012.

No projeto Mastrid, serão desenvolvidos e testados em voo um novo sensor de TV de alta definição, otimizado para engajamentos de curto alcance, assim como um novo programa (software) para aprimorar a resolução do sensor IR.

AEROS

As Forças Armadas Francesas adotaram para o Rafale o Reco NG (new generation tactical reconnaissance system – sistema de reconhecimento tático de nova geração), da Thales, tanto para missões de reconhecimento tático quanto estratégico.

Ainda segundo Jean-Noël Stock, “esse equipamento de alta tecnologia, para emprego diurno e noturno, pode ser usado em uma grande variedade de cenários, desde distâncias stand-off a elevadas altitudes até missões em altas velocidades e altitudes extremamente baixas. Para encurtar o ciclo de coleta de dados de inteligência e acelerar o andamento das operações, o pod é equipado com um datalink, que permite que imagens de alta resolução sejam transmitidas para os militares tomadores de decisão, em tempo real”.

Desde julho de 2009 o sistema Reco NG vem passando por testes de qualificação e avaliação operacional na Base Aéra de Mont-de-Marsan, para entrada em serviço ainda no começo de 2010. O sistema está sendo oferecido para o mercado de exportação com o nome de AREOS.

FONTE / IMAGENS: Dassault (Fox Three nº14) e MBDA (DDM NG)

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