Na primeira metade da década de 1980 a empresa francesa Dassault-Breguet lançou uma variante do caça Mirage III. Tratava-se do Mirage III NG (Nouvelle Generation), o último de uma linhagem com mais de 20 anos.

O NG empregava uma série de melhorias originadas a partir do desenvolvimento de diversos produtos da Dassault ao longo da década anterior. Grosso modo, empregou-se a estrutura básica do Mirage III acrescida de soluções desenvolvidas para os modelos Mirage F.1, Mirage 2000 e Mirage 4000.

A propulsão era fornecida pelo motor ATAR 9K50 da Snecma, utilizado no modelo F.1 (e também no Mirage IV e no Mirage 50). Também do F.1 foi importado o cone do nariz e a sonda de reabastecimento em voo. Os canards tiveram como base o Mirage 4000. Do Mirage 2000 utilizou-se o sistema de controle tipo fly-by-wire, uma novidade na época. Somando-se a estas e outras modificações foram incluídas extensões na raiz das asas denominadas APEX.

O eventual cliente poderia escolher entre o radar de bordo Agave, que equipava o Super Étendard, ou o Cyrano IV do Mirage F.1. Ambos possuíam capacidade ar-ar e ar-solo. Os quatro cabides sob as asas foram mantidos, mas sob a fuseagem foram adicionados outros quatro pontos.

O protótipo voou em Istres pela primeira vez em 21 de dezembro de 1982. Logo no primeiro voo, com duração aproximada de uma hora, o caça francês atingiu a altitude de 35.000 pés e a velocidade de Mach 1. Os voos de ensaio demonstraram que os modificações introduzidas melhoravam radicalmente a performance da aeronave. A Dassault oferecia o NG tanto como uma aeronave nova (saída da linha de montagem) ou como reconstrução de Mirage III existentes.

Não havia dúvida. O NG era o melhor Mirage da série “III”. As modificações aerodinâmicas (APEX e canards), associadas ao controle fly-by-wire deram à aeronave uma excelente manobrabilidade. Nos combates a curta distância (dogfights) o comportamento do avião chegava próximo ao do Mirage 2000. As características de pouso e decolagem também foram melhoradas e a instabilidade da aeronave quando configurada com armamento ar-solo foi eliminada com o emprego do fly-by-wire.

Porém, alguns fatores contribuíram para que o mesmo não recebesse encomendas. O seu sucessor direto, o Mirage 2000, já estava totalmente desenvolvido e sua produção havia começado, sendo que o preço do Mirage III NG não era muito inferior ao do Mirage 2000. A produção do F.1 seguia de vento em popa e outras encomendas eram esperadas. Além disso, grande parte dos eventuais clientes, como os países da América Latina, passavam por sérias crises econômicas naquela época.

O excelente Mirage III NG não passou do protótipo, mas muitas das suas soluções foram empregadas nas modernizações de outros caças da família pelo mundo todo.

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