Histórias, ‘causos’ e curiosidades dos combates aéreos (2)

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Conciliando os AIM-54 Phoenix com as ‘regras do jogo’

Meses antes da intervenção militar para a libertação do Kuwait e destruição do aparato bélico iraquiano, a coalisão ensaiou ou primeiros rascunhos do que deveria ser as regras de combate ou ROE (Rules of Engagement). Embora parecesse uma tarefa simples dentre várias outras que estavam por vir, o número de forças de diferentes nacionalidades envolvidas gerava uma certa complexidade.

Cada país tinha sua própria ROE a ser respeitada. Como exemplo temos a França, que possuía fortes vínculos com o governo de Saddam Hussein e limitou o emprego de suas aeronaves somente em ações sobre o Kwait (posteriormente esta ROE sofreu mudanças).O interessante é que até mesmo entre as Forças Armadas dos EUA existiam questões bastante relevantes que necessitavam de uma discussão mais profunda.

Uma dessas questões envolvia as regras para o engajamento de aeronaves inimigas além do alcance visual (Beyond Visual Range – BVR). A coalisão possuía perto de 1.400 aeronaves de diversas nacionalidades, com diferentes equipamentos IFF e as vezes do mesmo modelo utilizado pelo Iraque (o caso do Mirage F1 por exemplo).

Os primeiros rascunhos da ROE simplesmente não permitiam a utilização dos mísseis ar-ar de longo alcance AIM-54 Phoenix, algo que só a US Navy possuía. A Marinha protestou e o documento foi novamente revisado. Em uma versão da ROE de dezembro de 1990 foi aprovado um esquema de contingência que incluída regras diferenciadas quando um grupo de ataque da Marinha participava do combate. A coalisão garantiria um corredor ao grupo de forma que nenhuma outra aeronave aliada entrasse nesse espaço aéreo, eliminando (ou pelo menos reduzindo ao máximo) o risco de “fogo amigo”.

No entanto, tal ideia arruinaria por completo o princípio do ataque coordenado e sequencial, tão importante para o efeito de choque que a campanha aérea deveria infringir no inimigo. Seria como beneficiar um pequeno grupo de aeronaves com capacidade limitada (a aviação naval naquela época possuía poucos designadores a laser, alcance limitado comparado a algumas aeronaves da USAF e nenhuma munição penetrante como as Paveway III com penetrador I-2000).

Após dois dias de negociação com oficiais da Marinha o centro de coordenação da operação desenvolveu a “zona BVR especial”. Nestes locais os aviões da Marinha ficariam sob controle total dos AWACS, permitindo que a coordenação geral dos ataques monitorasse de perto todas as ações da Aviação Naval. A versão final do ROE, mesmo discutida meses antes, só ficou pronta e foi entregue às unidades de combate 72 horas antes do início dos ataque.

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