Parlamentares do Kuwait vão ‘grelhar’ autoridades que comprarem o Rafale

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A AFP informou que no último domingo, 11 de abril, um bloco islâmico de quatro parlamentares do Kuwait, que se opõe à compra do caça francês Rafale pelo país, avisou que vai “grelhar” altos funcionários se o acordo for assinado. Faisal al-Muslin, porta-voz do bloco para reforma e desenvolvimento, disse em uma coletiva de imprensa que “a assinatura do acordo significa que vamos ‘grelhar’ qualquer um que seja responsável por autorizá-lo”.

Contudo, ele não especificou se o primeiro ministro ou o ministro da defesa estariam entre as autoridades com as quais o bloco pretende acertar as contas caso o acordo de bilhões de dólares, envolvendo entre 14 e 28 caças Rafale, seja assinado.

Outro parlamentar do bloco, Jamaan al-Harbash, que tem se pronunciado contra o acordo por vários meses, disse haver documentos do ministro da defesa recomendando que a compra seja suspensa: “Os relatórios concluem que o avião não é tecnicamente avançado, e seu preço é muito caro, assim como de suas peças de reposição. Se o acordo for adiante, será um desperdício maciço de recursos públicos.”

Ambos os parlamentares ressaltaram que sua oposição ao negócio nada tem a ver com qualquer animosidade em relação à França. Outro parlamentar, Mussallam al-Barrak, falando em nome de outro bloco de quatro parlamentares de oposição, declarou mais tarde total apoio a qualquer questionamento político em relação ao acordo do Rafale.

O chefe de estado-maior das Forças Armadas Francesas, almirante Edouard Guillaud, defendeu o Rafale como um dos melhores aviões de combate do mundo, afirmando que as negociações sobre o acordo estão prosseguindo com transparência completa. Segundo a agência oficial de notícias, KUNA, o almirante disse que “a França propôs ao Kuwait a substituição de seus velhos Mirage pelo avançado Rafale, e o governo Kuwaitiano solicitou que se estudasse a oferta.” Guillaud disse também que o Kuwait mandou especialistas à França para avaliação cuidadosa dos jatos, acrescentando que Paris também fará uma proposta para vendê-los aos Emirados Árabes Unidos.

O bloco “Ação Popular” vem se opondo a diversos programas de aquisição de armamento, nos quais se inclui o do Rafale. No mês passado, o Ministro da Defesa, Sheikh Jaber Mubarak al-Sabah, disse que a aquisição do Rafale continuava sendo uma prioridade para o  Kuwait. Em outubro do ano passado, o Kuwait e a França assinaram um novo acordo de defesa, e discutiram detalhes sobre a compra do Rafale. Em novembro, o parlamento votou, por unanimidade, o pedido para que uma auditoria investigasse acordos da França e dos Estados Unidos, para aviões de transporte Hércules, uma fábrica de munições e os jatos de combate.

FONTE: AFP, via The Tocqueville Connection, atualizado às 15h43 de 14/4 com informações de reportagem de 13/4 do The National

FOTO: Dassault Aviation (Fox Three n.14)

NOTA DO BLOG: quando do pronunciamento do presidente Lula em 7 de setembro do ano passado, anunciando ao lado do presidente Sarkozy que seriam iniciadas conversações para a aquisição do Rafale, o  Poder Aéreo (assim como boa parte da imprensa) deu como certa a vitória do caça francês no programa F-X2 e escreveu o post: “Brasil é o primeiro comprador internacional do Rafale” (clique no título para ler).

De lá para cá, foram seis meses de espera, e achamos que o título acabaria se tornando “mentiroso”. Não exatamente por haver chances do Rafale ser preterido, pois na opinião do Poder Aéreo este continua sendo o grande favorito pelas razões político-estratégicas já muito discutidas por aqui, mas porque, com o passar do tempo, outros países poderiam vir a ser os primeiros compradores internacionais do avião.

Mas, nesse mesmo período de tempo, duas compras tidas como certas e iminentes (Kuwait e Emirados Árabes Unidos) começaram a demorar para se concretizar. E você? Acha que poderemos reeditar a notícia “Brasil é o primeiro comprador internacional do Rafale” em breve? Ou ainda vai demorar e outro país poderá ser o primeiro? Ou o Brasil não vai comprar o Rafale? Dê a sua opinião.

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