Realeza sueca chega no final do mês
Gripen está na bagagem
Samanta Sallum
Nas conversas, um assunto polêmico não poderá ser deixado de lado: a licitação para compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). A Suécia participa com o Gripen NG, projeto da Saab, e ainda tem esperança de que Lula reveja a preferência já explicitada pelo francês Rafale. O americano Super Hornet, da Boeing, também está no páreo.
O governo sueco afirma que a viagem não está relacionada diretamente aos caças, mas ela se segue à visita do presidente francês, Nicolas Sarkozy (em setembro), e à da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que acaba de se reunir com Lula e o chanceler Celso Amorim, em Brasília. Nada mais oportuno do que o casal real e representantes do governo sueco também marcarem presença. Foi mera coincidência a ida do casal real ao Brasil neste momento, de grande expectativa pela definição do contrato. A viagem estava sendo programada havia muito tempo, e acreditávamos até que o assunto já estivesse resolvido a essa altura, explica o vice-ministro das Relações Exteriores para Comércio, Gunnar Wieslander. Não pretendemos fazer qualquer tipo de pressão. Só vamos continuar mostrando que a Suécia e o Brasil têm longa tradição em parcerias industriais, e que realmente é possível desenvolver um projeto conjunto com efetiva transferencia de tecnologia.
Vantagens
Na forma diplomática de demonstrar que oferece a opção mais adequada, o governo sueco argumenta que não está sujeito a injunções de terceiros países em questões geopolíticas e militares. O fato de a Suécia não ter presença permanente no Conselhos de Segurança da ONU, por exemplo, é exibido não como desvantagem, mas como garantia de que não seria suscetível a pressões para retaliar o Brasil, caso contrarie interesses de outro país. Temos tradição. Quando assinamos um contrato, cumprimos rigorosamente, destaca o vice-ministro.
Ele não menciona casos específicos, mas não é difícil compreender a referência lembrando o fato de a França ter apoiado o Reino Unido na Guerra das Malvinas (1982), o que dificultou para o governo de Paris o cumprimento de contratos que tinha com a Argentina na área militar.
Negócios sólidos
O Brasil está entre os 10 países onde a Suécia mais investe. Por outro lado, a Suécia é a maior consumidora de etanol na Europa, compradora do Brasil. Queremos aprofundar as relações e buscar formas de facilitar os negócios, diz o vice-ministro de Relações Exteriores para Comércio, Gunnar Wieslander. Ele se refere aos impostos e sobretaxas cobrados reciprocamente. O casal real e a comitiva de empresários passarão dois dias em São Paulo, onde terão encontros na Fiesp e farão uma visita à Embraer, em São José dos Campos mostra do interesse sueco na indústria Aeronáutica.
O presidente brasileiro conhece bem o peso das multinacionais suecas, que hoje empregam 50 mil trabalhadores no país. O próprio Lula foi um deles: trabalhou na Scania, onde liderou uma de suas primeiras greves o que, na Suécia, é motivo de admiração e simpatia entre autoridades e empresários. E foi Lula quem disse que a melhor fabrica da Suécia, fora da Suécia, é o Brasil. São Paulo é considerado o maior centro industrial sueco, por concentrar 220 empresas do país. Os suecos gostam de lembrar que veio de seu país o cimento usado na construção do Cristo Redentor, e de que foi em Estocolmo que a Seleção Brasileira conquistou a Copa do Mundo pela primeira vez, em 1958.
Mas a maior referencia brasileira para os suecos é Silvia, chamada de rainha brasileira porque sua mãe nasceu no Brasil. Silvia foi criada em São Paulo e esteve no Brasil mais recentemente em 2008 sozinha, para participar de uma conferência sobre direitos da infância.
FONTE: Correio Braziliense, via Notimp
NOTA DO BLOG: é possível que a decisão do F-X2 saia somente após a visita do casal real.