Ministro está lendo relatório técnico e leva parecer a Lula em uma semana

Roberto Godoy

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai apresentar em uma semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva suas conclusões a respeito da escolha F-X2, do novo caça da aviação militar brasileira. Jobim está lendo o relatório técnico entregue a ele no dia 6. Metódico, faz anotações e pede esclarecimentos. Mas não faz comentários, mesmo com interlocutores habituais.

Concorrem, nesta fase final, três caças: o Rafale da francesa Dassault, o Gripen NG, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da americana Boeing.

O valor do negócio é estimado entre R$ 7,7 bilhões e R$ 10 bilhões, por um lote inicial de 36 aeronaves. A cifra contempla itens fundamentais, como são suprimentos de componentes e peças, treinamento de pessoal técnico, documentação de manutenção, o conjunto eletrônico, conforme o especificado pela Aeronáutica. Parte do preço abrange as tecnologias que o governo brasileiro exige receber como pré-requisito do contrato.

Embora os três finalistas ofereçam a possibilidade de montagem e produção da encomenda no País, apenas o grupo da França detalhou essa parte da proposta. De acordo com o diretor do consórcio Rafale International, Jean-Marc Merialdo, o programa prevê que os seis primeiros caças sejam fabricados integralmente na França, com participação de especialistas brasileiros. O sétimo avião será montado no Brasil, com partes vindas das unidades industriais da Dassault. Da oitava unidade em diante a nacionalização dos sistemas será crescente “de acordo com a capacidade de atendimento local às necessidades do processo”, diz Merialdo.

O F-X2 não se esgota no fornecimento da frota inicial, mas se estende até prováveis 120 supersônicos. Nesse caso, e prevendo que haverá necessidade de revitalização tecnológica periódica do grupo inicial, as aquisições futuras preveem a produção no País.

O objetivo é deter autonomia na construção de uma aeronave única para a tarefa de superioridade aérea, como a preservação do espaço, e de interdição de operações ilícitas. Na prática, significa que toda a frota de combate da aviação militar será substituída até 2025. A aeronave vai substituir os Mirage 2000C/B ( desativação começa em 2015), os F-5EM (entram em desmobilização ao longo de 2021) e os caças-bombardeiros leves AMX (por volta de 2023).

O projeto de construção de um supercaça de 5ª geração ainda mais avançado que o F-X2 faz parte de um planejamento de longo prazo da Aeronáutica.

FONTE: Estadão FOTO: Folha Imagem, via Isto é Dinheiro

NOTA DO BLOG: por um lado, mais do mesmo assunto. Por outro, alguns dados interessantes para se discutir, conforme coloquemos fé nas fontes do articulista: o prazo de uma semana para entrega do parecer ao Presidente, a afirmação de como está sendo procedida a leitura e análise do relatório (o que sugere fonte do Ministério da Defesa, com acesso direto ao Ministro, ou o próprio), e uma ligeira dilatação nos prazos de desativação da atual frota. Quanto a esta última questão (dentre outras que podem ser discutidas), fontes dentro da Força têm dado prazos menos “elásticos” para os editores do Blog, especialmente para os F-2000, embora se diga também que ao menos parte da frota de F-5M teria que iniciar a desativação antes do prazo mencionado no texto. Mas é certo que, havendo fluxo logístico de peças de reposição, pode-se esticar um pouco a operação de um vetor como o F-2000 na FAB, dentro de um limite de horas de voo a não ser extrapolado antes de revisões estruturais de maior monta, o que pode ser conseguido, normalmente, restringindo a quantidade de horas de voo anuais (mas esta é uma das soluções possíveis, outras podem, evidentemente, ser discutidas pelos leitores do Blog).

NOTA 2: evidentemente a análise não está sendo feita dentro de um exíguo cockpit de um caça, pelo que a escolha da foto é apenas um toque de humor do Blog. Mas espelha nosso desejo de que o Ministro pense também, no momento de finalizar sua análise, nos que estarão amarrados aos assentos da máquina escolhida. E na Força Aérea Brasileira, que também estará “amarrada” a essa máquina pelas décadas seguintes.

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