O legado russo permanece na Força Aérea Afegã
Durante sua visita a Moscou, o Secretário-Geral da OTAN vai falar sobre a cooperação da Rússia com a aliança no Afeganistão. A influência russa nunca deixou o país realmente: em especial na Força Aérea.
Aeronaves de origem soviética e russa ainda formam a espinha dorsal da Força Aérea Afegã. No pequeno Corpo Aéreo Afegão todos os 45 aviões são de fabricação soviética ou russa. E muitos dos cerca de 3.000 homens da força foram treinados pelos russos.
Por 18 anos, Hamayun Hotek pilota seu helicóptero Mi 17. Assim como o seu co-piloto, ele se sente mais confortável por trás de seus controles do que em qualquer outro lugar.
“Estes helicópteros funcionam no Afeganistão. Eles são muito potentes, muito simples e se adequam ao ambiente. Todos nós, pilotos afegãos, voamos eles por muitos anos “, completou Hotek.
Dos seus primórdios na década de 1920 o Corpo Aéreo do Exército Nacional Afegão teve o seu apogeu na década de 1980. Isso deveu-se, em grande parte, à ajuda soviética, quando a URSS lutava contra os ‘mujahideen’. Mas grande parte do Corpo Aéreo foi destruído em 2001 pelas forças estrangeiras que reagiram aos acontecimentos de 9/11.
Atualemente os norte-americanos estão tentando, literalmente, tirar a Força Aérea Afegã do chão. “Nós não temos a mesma familiaridade que os afegãos possuem, apenas porque não lidamos com esse equipamento por muito tempo”, disse o comandante Percy Dunagin da USAF.
“Todos nós passamos por um treinamento nos EUA em algumas destas aeronaves, temos uma base muito boa sobre a forma de operar a aeronave e os diferentes aspectos de sua manutenção e então viemos até aqui para aconselhar o afegãos e aprendemos muito mais “, acrescentou.
Eles não precisariam aprender tanto se os especialistas russos pudessem ajudar, o que é apenas uma das questões relacionadas à visita do Secretário-Geral Anders Fogh Rasmussen a Moscou. Outros assuntos incluem armas e munições de fabricação russa para o Afeganistão.
Todos os olhares aqui estão focados nas discussões sobre a possibilidade ou não da Rússia e da OTAN concordarem no fornecimento de armas de origem russa para as forças de segurança do Afeganistão. Também sobre a mesa está em pauta a possibilidade de modernização e manutenção dos equipamentos russos em uso por aquele país.
“Acredito que as negociações serão promissoras. A Rússia já contribuiu com o início da campanha no Afeganistão. Ela forneceu 20 milhões de dólares em armas para a Aliança do Norte, o exército do Afeganistão”, disse o analista militar Victor Litovkin.
“A única dúvida é sobre o preço. Não podemos fornecer de graça, como alguns países da OTAN sugerem. Não somos participantes ou patrocinadores das operações da OTAN no Afeganistão”, completou.
O Coronel Abdulhalim Kharokhy disse que ele e os seus homens saudam a vinda do envolvimento russo. Não são apenas as memórias da época em que ele foi estudante na Rússia, mas ele acrescenta que o Afeganistão – e a Força Aérea em particular – beneficiariam-se muito se o negócio fosse fechado em Moscou.
“Os russos me ensinaram tudo o que eu sei e eles podem ajudar a nos desenvolver ainda mais. Estamos tentando reconstruir nossa força aérea assim podemos dar suporte às forças afegãs em solo no futuro. No momento o que nós mais fazemos é transporte. ” disse o Coronel Abdulhalim Kharokhy da Força Aérea.
O presidente afegão, Hamid Karzai disse que vai demorar pelo menos mais 15 anos para que e sua força policial esteja forte o suficiente para “caminhar sozinha”. É provável que o mesmo ocorra com a força aérea. E por isso o apoio é tão aguardado.
FONTE/FOTO: RT/OTAN
NOTA DO BLOG: o texto acima é uma tradução de um artigo do site russo RT, e expõe uma visão russa sobre o renascimento da Força Aérea Afegã. Como comparação, o texto do link abaixo mostra uma visão norte-americana sobre o mesmo assunto (artigo traduzido do jornal norte-americano NYT).
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