Voo 3054: MPF acusa INFRAERO de negligência
Bruno Tavares
A pista principal de Congonhas esteve no centro das discussões sobre as causas do acidente com o Airbus A320 da TAM, em julho de 2007. Tanto o laudo do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo quanto o relatório final divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, atribuem à pista parcela de responsabilidade na tragédia que deixou 199 mortos.
Segundo a procuradora, a necessidade de reforma da pista principal era previsível desde 2004, quando a Infraero recebeu estudo encomendado à Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP). Nele, engenheiros apontavam uma série de desconformidades em relação à legislação internacional, como deficiência no coeficiente de atrito, e indicavam duas alternativas: uma intervenção paliativa, de remoção da camada de borracha acumulada sobre o asfalto, ou uma reforma estrutural, que solucionaria de vez os problemas. “Embora houvesse essas duas possibilidades, o estudo da Poli apontava claramente a necessidade de uma reforma estrutural, que resolvesse, por exemplo, o problema de acúmulo de água”, afirma a procuradora.
Em 2006, a Infraero chegou a lançar licitação para a reforma total da pista principal de Congonhas. Mas, após auditoria, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que ela fosse anulada, por trazer exigências que limitavam e até mesmo direcionavam a concorrência. “Depois disso, a Infraero nada fez”, afirma a procuradora. “A estatal só tomou providências quando, em 2007, dois procuradores aqui de São Paulo ingressaram com ação, pedindo que a pista principal fosse interditada para a reforma.”
O mesmo consórcio que executava a reforma do terminal foi convidado pela estatal para recuperar a pista principal. Por se tratar de contratação de emergência, houve dispensa de licitação. Em um trecho da ação, a procuradora assinala: “Não se questiona aqui a configuração da situação emergencial. O que se busca comprovar é a omissão dos responsáveis da Infraero na adoção de medidas administrativas voltadas à solução dos problemas da pista principal que, se tomadas em tempo hábil, não teriam ensejado o surgimento da situação emergencial”.
FONTE/FOTO: O Estado de São Paulo, via Notimp / G1
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