Quando o F-X virou prato de comida
Trecho da reportagem da revista Veja de 15 de janeiro de 2003, após os primeiros indícios de que o programa F-X seria suspenso.
É compreensível que o governo, logo na sua estréia,tente mostrar trabalho, mas chama a atenção o volume de decisões que não passam de espuma. A primeira foi a suspensão da licitação internacional ara a compra de doze jatos de combate para reequipar a Força Aérea, cujos caças Mirage já não estão mais em condições técnicas de realizar vôos. Alguns já foram tirados de ação. Os que restam deverão ser aposentados em até dois anos. O motivo da suspensão da licitação para a compra dos novos jatos era tão bonito que provocou elogios ao governo na imprensa internacional. Tratava-se, aparentemente, de economizar o gasto com armamento aéreo e aplicar o dinheiro, 700 milhões de dólares, no combate à fome no Brasil. No discurso, nada mais louvável. Na prática, um factóide amador. A questão é que o dinheiro para a compra dos jatos não sairá do Tesouro Nacional, mas de um empréstimo internacional que só começaria a ser pago daqui a três anos, assim mesmo com financiamento externo e prestações a perder de vista. Ou seja: o dinheiro que Lula quer transferir da compra dos jatos para o combate à fome não existe no Tesouro. Conclusão: o dinheiro da fome continuará o mesmo e o dos jatos sumiu.