O governo norte-americano pode cair fora da disputa pela venda de caças de última geração ao Brasil. E não é porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, andam se estranhando por causa de Honduras. O motivo é outro. O Exército brasileiro entrou em negociações com a Rússia para adquirir o sistema antiaéreo Tor-M2E, desenvolvido principalmente para abater o caça F/A 18 Super Hornet, aquele que a Boeing pretende vender ao Brasil. Como o Ministério da Defesa, no programa FX-2 da aeronáutica, exige a transferência de tecnologia dos aviões de caça para adquiri-los, isso permitiria ao Brasil desenvolver taticamente ainda mais o sistema antiaéreo russo.

A grande preocupação estratégica do Exército não é com os vizinhos rebeldes — Paraguai e Bolívia —, muito menos com os aliados mais robustos e histriônicos, como a Argentina e a Venezuela. É com o pacto militar da Colômbia com os Estados Unidos, embora nossos generais não passem recibo disso. Ocorre que os norte-americanos são mais zelosos com segredos militares e relutam em ceder os códigos-fonte dos sistemas de ataque dos seus aviões de caça. Por causa disso, das duas uma: ou cairão fora do programa FX-2, ou simplesmente farão exigências inaceitáveis ao governo brasileiro. Ganham, com isso, os aviões concorrentes: o caça sueco Gripen NG, da Saab , e o francês Rafale, da Dassault.

FONTE: Correio Braziliense, via Notimp

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