Atualização de aeronaves Mirage 2000 D e Mirage 2000-5 pode ajudar a entender, também, os próximos passos do reequipamento do Armée de l´air com o Rafale 

O Armée de l´air (Força Aérea Francesa), informou que a oficina industrial de aeronáutica (AIA – atelier industriel de l’aéronautique) de Clermont-Ferrand entregou o seu primeiro Mirage 2000 com capacidade para o link 16 da OTAN. A entrega foi realizada no final de outubro e as fotos, confrontadas ao texto da notícia, indicam que se trata de uma aeronave Mirage 2000-D.

Para tanto, foi instalado na aeronave o terminal de distribuição de informação multifuncional, conhecido pela sigla MIDS – Multiple Information Distribution System. O primeiro Mirage 2000 equipado com o sistema foi testado primeiramente no Centro de Ensaios de Voo, em Istres, seguindo para o Centro de Experiências Aéreas Militares de Mont-de-Marsan, para participar na instrução de tripulações e preparação dos procedimentos de utilização.

Segundo a notícia, está planejado que duas versões do Mirage 2000 em uso no Armée de l´air serão equipadas com o MIDS. Espera-se que, em três anos, 33 aeronaves da versão Mirage 2000 -5 estejam assim equipadas e, em cinco anos, 77 modelos Mirage 2000-D. Até o momento, apenas o Rafale dispõe desse sistema de transmissão de dados.

FONTE e FOTOS: Força Aérea Francesa (Armée de l´air) e AIA Clermont-Ferrand

NOTA DO BLOG: os planos de equipar essas 110 aeronaves Mirage 2000 (que são dos modelos mais recentemente produzidos / modernizados) com o MIDS (link 16) demonstram tanto as necessidades crescentes de interoperabilidade com a OTAN como dão margem a algumas análises óbvias: a lógica mostra que as próximas desativações de aeronaves do Armée de l´air, seguindo o padrão atual de reequipamento, serão de aeronaves Mirage F-1 (reconhecimento), Mirage 2000-N (ataque nuclear) e  Mirage 2000-C (interceptação), que não aparecem entre as que receberão o MIDS, segundo a notícia.

Esses modelos deverão ser substituídos por caças Rafale – embora não na mesma quantidade, dado que o Rafale é mais capaz que os modelos que substitui, e que a Força também promove um enxugamento, desativando esquadrões (vide o primeiro link da lista abaixo, “Racionalização à francesa”, que mostra também os esquadrões atuais da Força Aérea Francesa e seus equipamentos, assim como quais deverão receber o Rafale).

Ao mesmo tempo, o investimento (de qualquer forma muito necessário para operações conjuntas) nesses 110 Mirage 2000 ao longo dos próximos 5 anos, indica que deverão servir ainda por um bom tempo na Força, fazendo com que o Armée de l´air apresente uma espécie de “hi-low mix” de Rafale e Mirage durante a próxima década ou mais. É o mesmo padrão de vários reequipamentos anteriores, onde aeronaves da geração mais antiga eram substituídas por novos caças, fazendo um “mix” com a geração intermediária, que por sua vez seria a próxima a ser substituída. A diferença é que, agora, um único modelo (Rafale) foi desenvolvido para tomar o lugar de todas as safras de aeronaves anteriores, gradualmente.

Como os Mirage 2000-5 são modelos C modernizados, e como a versão D (bipostos especializados em ataque) entrou em operação após a C, é de se esperar que os Mirage 2000-D sejam os últimos a deixar o serviço na França.

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