5 + 5 = defesa contra ameaças da aviação civil no Mediterrâneo
A Força Aérea Portuguesa conduziu recentemente um exercício internacional, no âmbito das novas ameaças do tipo “11 de Setembro”.
Esta nova ameaça conduziu ao aparecimento de um novo conceito de utilização da aviação de combate de vários países, não para a defesa militar em relação a uma força invasora, mas para policiar o espaço aéreo e atuar em caso de uma aeronave civil assumir um comportamento suspeito. As aeronaves suspeitas são designadas “renegate”, e as missões, “policiamento aéreo”.
O “Air 09” é um exercício no âmbito “renegate”, que envolve os países de ambas as margens do Mar Mediterrâneo (sul da Europa e norte de África), do programa 5 + 5. O programa 5+5 foi lançado em 2004, por iniciativa da França, com o objetivo de consolidar as relações entre estados do Mediterrâneo Ocidental, por meio de exercícios práticos de cooperação.
A Força Aérea Portuguesa assumiu este ano o comando e controle do exercício, recebendo, no Comando Aéreo, oficiais de vários países magrebinos e europeus.
No dia 11 de Novembro, um avião C295, da Força Aérea Portuguesa, decolou do Aeródromo de Manobra Nº 3, em Porto Santo, Madeira, com o objetivo de testar a capacidade de resposta das aeronaves de combate espanholas e marroquinas.
O C295 português voou rumo às Canárias, simulando uma aeronave civil. Ao entrar em espaço aéreo espanhol a tripulação deixou de contactar o controle de tráfego aéreo, mantendo a rota prevista em plano de voo. As autoridades aeronáuticas espanholas reagiram dentro dos tempos normalmente sugeridos pela OTAN, colocando um caça F18 “na cauda” do avião português em menos de 15 minutos.
O F18 seguiu à distância o avião suspeito tentando várias vezes (sem sucesso) contactar via rádio a aeronave portuguesa. Sempre debaixo do comando e controle do Comando Aéreo Português em Monsanto, Lisboa, onde se encontrava um Oficial de ligação da Força Aérea Espanhola, o C295 recebeu instruções para elevar o grau de suspeição, abandonando a rota prevista e rumar em direção ao Sahara Ocidental (espaço aéreo controlado por Marrocos).
O F18 espanhol abandonou a escolta e surgiram dois caças F5 da Força Aérea Marroquina. A aeronave suspeita não mostrou hostilidade e manteve a proa norte, sobre a linha de costa. Cumprindo os procedimentos internacionais, os caças marroquinos escoltaram o avião suspeito em voo de formação, sendo os dois F5 rendidos por dois caças Mirage F1 e um Alpha-jet.
Devido ao trajeto ser bastante longo, os caças Mirage F-1 foram por sua vez rendidos por outros dois F5 até à proximidade do estreito de Gibraltar, altura em que surgiu um caça Eurofighter espanhol. Assumindo a postura taticamente correta de perseguição a curta distância, o Eurofighter manteve-se (tal como anteriormente havia feito o F18) duas milhas atrás do avião suspeito, seguindo-o permanentemente, até chegar ao espaço aéreo Português.
Assim que cruzou a linha de costa algarvia, o C295 passou a ser escoltado por dois caças F16 (MLU) da Força Aérea Portuguesa, que o acompanharam em formação até as proximidades da Base Aérea do Montijo, onde terminou o exercício.
Realizado entre 10 e 11 de novembro em Portugal, o Air 09 envolveu também a Argélia, Espanha, França, Itália, Líbia, Marrocos e Tunísia. Além desses oito países, compõem o programa “5+5” a Mauritânea e Malta. Como se vê na descrição acima, parte importante do treinamento é a transferência da responsabilidade da escolta da aeronave suspeita, por parte de cada país, ao país fronteiriço. Além do C295 português, também empregou-se um C-130 marroquino sobrevoando as zonas sob responsabilidade do Marrocos, Portugal e Espanha. Um C-130 argelino também sobrevoou sucessivamente a Argélia, a Tunísia, Líbia, Itália e França.
A Espanha se ofereceu para sediar a quarta Conferência de Chefes de estado Maior do Ar em 2010, e também a realização do exercício AIR em 2011.
FONTES: Força Aérea Francesa (Armée de l´air), Força Aérea Portuguesa e Força Aérea Espanhola (Ejército del aire)
FOTOS: Revista Visão (Portugal) e Armée de l´air
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