Elbit vai produzir veículo aéreo não tripulado no Brasil

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Uma das mais importantes parceiras da Força Aérea Brasileira (FAB) no programa de modernização de suas aeronaves, a Aeroeletrônica, controlada pelo grupo israelense Elbit, decidiu instalar no Brasil um centro de excelência para o desenvolvimento e fabricação de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs). O presidente do grupo Elbit, Joseph Ackerman, disse que o projeto do novo centro deverá consumir um investimento em torno de US$ 45 milhões e US$ 50 milhões até o fim de 2010. Ackerman esteve no Brasil na semana passada e integrou a comitiva de 40 empresários que acompanhou o presidente de Israel, Shimon Peres, durante sua visita ao país.

A Elbit já encaminhou uma proposta para a FAB de transferência da tecnologia das VANTs para a filial brasileira, instalada em Porto Alegre. “Um grupo de 10 engenheiros da Aeroeletrônica já iniciou um treinamento em várias unidades da Elbit no mundo com o objetivo de trazer essa tecnologia para o Brasil”, afirmou. O executivo ressalta que a decisão de transformar a Aeroeletrônica em uma empresa expert nesse tipo de veículo atende a uma expectativa do governo brasileiro de desenvolvimento e domínio dessa tecnologia no país.

A decisão da empresa também foi motivada pela intenção, já anunciada, do Comando da Aeronáutica de adquirir VANT para o estabelecimento de doutrina na FAB. No começo deste ano a FAB fez um pedido de informações (Request For Information – RFI) para as empresas interessadas em fornecer esse tipo de veículo para emprego em missões de reconhecimento e como plataforma intermediária de comunicação. Outro objetivo da FAB é capacitar a indústria aeronáutica para o desenvolvimento de um VANT totalmente nacional.

A Força Aérea selecionou nove empresas para receberem o RFI: as brasileiras Aeroeletrônica e Avibrás, as israelenses Elbit e IAI, a sul africana Denel, a americana Boeing, a russa Irkut, a europeia EADS-Casa e a italiana Galileu Aviônica. O Comando da Aeronáutica ressaltou, na época, que manterá o foco em aspectos relacionados às condições das ofertas de compensação comercial (“offset”) e no grau de transferência de tecnologia para a indústria brasileira.

O Brasil, segundo o executivo, figura hoje entre os três principais mercados da companhia, depois dos Estados Unidos e de Israel, por conta dos projetos e negócios que vem desenvolvendo na área de defesa e também das perspectivas de novos negócios no setor de segurança territorial, motivados pelas Olimpíadas de 2016. A empresa, que nos últimos três anos registrou faturamento da ordem de US$ 100 milhões por ano no país, prevê crescimento de mais de 30% nos resultados a partir de 2010.

“Temos uma estratégia de longo prazo para ampliar a nossa presença no Brasil em função do potencial dos projetos como o dos caças F-X2, VANTs e dos helicópteros da FAB”, ressaltou. Com faturamento de US$ 3 bilhões e 2 mil funcionários no mundo, a Elbit também tem projetos para o Brasil na área espacial, com o fornecimento de sistemas para satélites, tecnologia automobilística, programas de vigilância e segurança e sistemas eletrônicos para carros de combate do Exército.

“Não estamos esperando retorno de curto prazo. Estamos aqui para ficar e gostaríamos de ver a Aeroeletrônica não só como centro de excelência para o Brasil, mas também para outros países da América Latina”, afirmou.

A Aeroeletrônica, segundo Ackerman, está capacitada para desenvolver o software operacional e integrar os sistemas dos novos caças do programa F-X2, assim como produzir e fazer a manutenção de toda a aviônica (sistemas de controle), incluindo os sistemas de guerra eletrônica e de data link. “A nossa expectativa é que o F-X2 gere entre 60 e 80 novas contratações de engenheiros, num prazo de cinco anos.”

Esse número, segundo Ackerman, não inclui a contratação de técnicos e de pessoal de suporte, o que aumentaria o número de postos de trabalho em três vezes. Ele disse que mantém boas relações com todos os concorrentes do F-X2, mas espera que o Brasil obtenha o melhor programa para as suas necessidades específicas.

FONTE: Valor Econômico, via Notimp

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