Diretor da ACS diz que burocracia emperra projeto estratégico
Nenhuma das metas estabelecidas em 1961 foi cumprida
A empresa Alcântara Cyclone Space foi criada em 2006 pelo Brasil e a Ucrânia para operar e comercializar serviços de veículos lançadores de satélites a partir de Alcântara, no Maranhão. O mercado mundial de lançamentos de satélites é da casa de 6 bilhões de dólares (cerca de R$ 10,4 bilhões) por ano.
Entraves – Roberto Amaral mencionou os entraves que têm impedido a concretização do lançamento brasileiro. Problemas de localização, de logística – o governo desistiu da construção do porto previsto -, de formação e manutenção de pessoal, de conflitos com a comunidade local e de licenciamento ambiental vêm atrasando o programa de lançamentos. Também existe a pressão dos países detentores da tecnologia, que chega até à proibição do fornecimento de componentes.
A atuação do Ibama foi fortemente questionada pelo diretor. Os custos para o licenciamento já chegam a R$ 20 milhões, o que não se justificaria em se tratando de um projeto estratégico, de interesse nacional. “É o governo trabalhando contra o governo” resume o deputado Ribamar Alves (PSB-MA), que sugeriu que a Câmara, e especialmente o Partido Verde, auxiliassem na solução desse entrave junto ao Ibama e ao próprio ministro do Meio Ambiente.
Entretanto, segundo Amaral, de todas as dificuldades, a falta de uma política permanente e de recursos adequados é a principal. “O Brasil foi ultrapassado por Israel, Irã e Coreia do Sul, e agora, ao que tudo indica, também pela Coreia do Norte”.
O programa espacial brasileiro foi iniciado em 1961, quando foi criada a Comissão Nacional de Atividades Espaciais. “Estávamos à frente da Índia e da China”, informou Amaral. “A China lançou seu primeiro satélite em 1970. Hoje lança um voo tripulado, tem 27 mil empregados; e nós não conseguimos cumprir nenhuma das metas estabelecidas em 1961”, comparou.
Em 1977, o Brasil estava em condições de igualdade em tecnologia de veículos espaciais com a Índia. Hoje, a Índia domina a tecnologia de propulsão líquida criogênica e, junto com a China, destaca-se por seus programas espaciais com lançamentos de veículos e satélites de grande porte e o domínio completo da tecnologia espacial.
Brasil paga a outros países para colocar satélite em órbita
Toda vez que precisa colocar um satélite em órbita, o Brasil paga, por lançamento, de 25 a 50 milhões de dólares a outros países. Ao dominar a tecnologia de lançamento, poderá cobrar isso para lançar satélites de terceiros. O custo do lançamento em Alcântara, pela proximidade com o Equador, pode ser 30% mais barato do que nos países lançadores do hemisfério norte.
Segundo Roberto Amaral, já existem os mercados “cativos” brasileiro e ucraniano; também há perspectivas comerciais no mercado latinoamericano. Argentina, Venezuela e Colômbia têm planos de lançamento, e o próprio mercado americano, apesar das fortes restrições políticas e de segurança, é um cliente potencial.
FONTE: Portal Câmara / FOTOS: Poder Aéreo