Semana de sucessos da Índia no espaço
Em 24 de setembro, foi revelado que sonda indiana na órbita da Lua detectou novas evidências de que existe água no satélite
A sonda Chandrayaan-1 detectou a presença de pequenos filamentos de H2O – fórmula química da água – cobrindo partículas de poeira em vários pontos da superfície da Lua. Os dados da sonda indiana foram analisados por cientistas de universidade norte-americanas.
Ainda assim, os cientistas dizem que Lua é mais seca do que qualquer deserto da Terra. “Quando nós dizemos ‘água na lua’, nós não estamos falando de lagos, oceanos ou até poças. Água na Lua significa moléculas de água e hidroxila (hidrogênio e oxigênio) que interagem com moléculas de pedra e poeira especificamente nos milímetros da camada de cima da superfície lunar”, diz a cientista Carle Pieters, da Brown University.
A umidade teria se formado com partículas de hidrogênio no vento solar se ligando ao oxigênio no solo da Lua. Em outras ocasiões, gelo já havia sido detectado em crateras próximas a um dos polos. Acredita-se que o gelo teria sido trazido por cometas e se conservado em uma área da Lua que nunca é iluminada pelo Sol.
“Este foi um dos principais objetivos da Chandrayaan-1, achar rastros de água na Lua”, disse o chefe da missão não-tripulada indiana, Mylswamy Annadurai, ao jornal britânico Times. “Estamos muitos satisfeitos.”
A quantidade de água é pequena, mas para alguns cientistas ela poderia, hipoteticamente, ter vários usos. “Se você tiver um metro cúbico de solo lunar, você poderia tirar um litro de água dele”, diz o pesquisador Larry Taylor, da universidade americana de Tennessee, que trabalhou com os dados da Chandrayaan. “Se é pouca ou muita água, ainda assim é fácil dividir o hidrogênio e o oxigênio e com isso você tem combustível para foguetes”, disse ele.
Uma sonda da Nasa que vai pousar na Lua no próximo mês vai recolher pedaços do solo para análise. No mês passado, os cientistas indianos perderam contato com a sonda Chandrayaan-1 e abandonaram a missão – planejava-se a duração de 2 anos, mas o contato foi perdido após 10 meses. Mas a sonda já havia coletado e transmitido dados suficientes sobre as novas descobertas de água na Lua.
Sobre o acontecimento, a manchete do jornal The Times of India foi: “Um grande passo para a Índia. Um salto gigantesco para a humanidade”. A missão custou perto de 80 milhões de dólares, menos da metade do gasto de expedições similares de outros países. Deve-se ressaltar, porém, que a descoberta indiana foi possível graças a tecnologia norte-americana: o “Moon Mineralogy Mapper”, ou “M3”, um scanner de alta tecnologia desenvolvido pela NASA, que capta o reflexo do sol sobre a superfície lunar para determinar a composição do solo.
Um dia antes, lançamento de sete satélites de uma só vez
A notícia sobre a descoberta feita pela sonda Chandrayaan veio em meio às comemorações pelo bem sucedido lançamento de sete satélites, em uma única missão, em 23 de setembro. Dos sete satélites, seis eram estrangeiros.
O programa espacial da Índia começou em 1963, com o desenvolvimento de satélites e veículos lançadores próprios, com o objetivo de romper a dependência de agências espaciais estrangeiras.
Pouco mais de um ano antes, recorde mundial com dez satélites
Em abril do ano passado, a Índia lançou com sucesso um foguete com dez satélites em uma única missão. O lançamento da base espacial de Sriharikota foi transmitido por um canal de televisão local.
O foguete, construído pela Organização de Investigação Espacial da Índia (ISRO, na sigla em inglês), carregava um satélite de sensoriamento remoto, com uma câmera de alta resolução na qual proverá dados precisos de cada casa do país para mapas.
Dos dez satélites, oito eram de empresas estrangeiras de pesquisas de países como Alemanha, Canadá, Dinamarca e Holanda. O lançamento foi descrito como um marco nos 45 anos da história espacial do país. Segundo observadores, o foguete é um sinal de que a Índia está emergindo como um importante participante no multimilionário mercado espacial.
Em 2007, a Índia colocou um satélite italiano em órbita por uma taxa de US$ 11 milhões (cerca de R$ 18 milhões). Em janeiro de 2008, a Índia lançou com êxito um satélite israelense em órbita.
FONTES: BBC Brasil, AFP e G1