O último dia 7 de setembro tinha tudo para ser mais uma data festiva do calendário nacional, sem maiores sobressaltos. Surpreendentemente o presidente Lula decide declarar o caça de origem francesa Rafale como vencedor do programa F-X2. Não é necessário reproduzir aqui tudo o que foi dito e feito após este lamentável episódio. O próprio blog do Poder Aéreo publicou os desdobramentos do caso.

Mas o problema é que este não é um caso isolado (melhor se fosse). O programa F-X se arrasta há vários anos e muitos erros foram cometidos. Já em janeiro de 2003, o então eleito presidente Lula sinalizou com a suspensão do programa F-X, argumentando que precisava do dinheiro para o programa Fome Zero.

Este foi um dos primeiros erros uma vez que a suspensão do programa F-X não gerou economias. Pelo contrário, gerou mais gastos, pois foram adquiridos 12 caças Mirage 2000 usados pelo valor de 80 milhões de euros. Quantia mais do que suficiente para sustentar o programa Fome Zero por anos.

Em janeiro de 2008 foi colocado em prática o substituto do programa F-X, denominado F-X2. Logo no seu início a FAB divulgou um cronograma bastante enxuto e austero. A Comissão Gerencial do Projeto F-X2 (CGPF-X2) foi instituída em maio de 2008 e definiu os participantes do processo (a saber: Boeing F-18E/F Super Hornet, Dassault Rafale, Eurofighter Typhoon, Lockheed Martin F-16 Adv, Saab Gripen NG e Sukhoi SU-35).

A FAB não emitia opiniões sobre os concorrentes. Porém, o ministro Jobim não escondia sua preferência pelo caça francês, atitude esta que colocava em dúvida todo o processo de seleção.

Em outubro do mesmo ano a FAB selecionou três propostas para compor o “short list”. Para a decepção de muitos, um dos fortes candidatos, o Sukhoi Su-35, ficou de fora. A ausência do caça russo gerou mais uma grande trapalhada do governo. Em fevereiro deste ano o ministro Jobim informou que o Sukhoi poderia entrar novamente no processo de seleção após a reavaliação da proposta apresentada pelos russos. Mais uma vez todo o processo foi colocado sob suspeita.

Felizmente o programa seguiu em frente sem alterações e, finalmente, pilotos da FAB puderam testar cada uma das aeronaves. Posteriormente veio a etapa da apresentação do BAFO (Best and Final Offer) da cada empresa, concluída em junho. Toda a documentação gerada foi então agrupada e encaminhada para o Ministério da Defesa. Deste ponto em diante, a decisão ficou nas mãos dos políticos.

Parece que, pelo menos, a FAB aprendeu alguma coisa com os erros do passado e conduziu a segunda versão do programa (F-X2) de forma mais clara e objetiva. E tudo indica que ela se manteve bem longe das últimas trapalhadas. A FAB, que em todas as oportunidades divulgou nota contestando este ou aquele ponto levantado pela mídia, desta vez manteve-se calada. Aliás, esta foi sem sombra de dúvida a melhor das opções.

O martelo ainda não foi batido e, se não for colocada “ordem na casa”, outras trapalhadas poderão surgir.

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