F-X2: não basta comprar. É preciso manter e operar
Depois de definido o vencedor e feitos alguns ajustes finais, será a hora de estabelecer as linhas de financiamento, formas de pagamento, parcelas etc.
Obviamente que, em função do volume de recursos necessários, estes não sairão do orçamento do Comando da Aeronáutica. Virão diretamente dos cofres da União.
A questão que se coloca no momento são os devidos recursos para a correta manutenção e operação destas aeronaves, independentemente do caça escolhido.
Corremos o risco de não deixar o ciclo vicioso de falta de verbas para manter nossas aeronaves. Não é de hoje que os recursos da FAB são insuficientes para manter devidamente seus aviões e helicópteros. De tempos em tempos surgem reportagens na mídia sobre o elevado número de aeronaves paradas por falta de recursos.
A falta de recursos também reduz o número de horas de voo, refletindo no nível de adestramento dos pilotos. Isto é mais crítico em aviões de alta performance como o caso do caça a ser escolhido.
Perdemos uma grande oportunidade de encerrar de vez este nefasto ciclo quando foi criada a END (Estratégia Nacional de Defesa). Na proposta inicial da END foi definida uma porcentagem do Orçamento da União que garantisse um nível de operacionalidade para as Forças Armadas, superior ao atual.
Por motivos de ordem política, o Executivo vetou qualquer tentativa de vincular a END com um determinado percentual de recursos, como existe para outras áreas do governo. Uma das desculpas era engessar ainda mais orçamento, tornando-o menos flexível do que já é.
Os três finalistas da concorrência do F-X2 estão entre os melhores caças do mundo. Independentemente da aeronave a ser escolhida, a FAB estará muito bem equipada.
A pergunta que fica é: teremos os recursos necessários para garantir a correta manutenção e o nível de prontidão desejados para as décadas que virão ou veremos a mesma novela de sempre?
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