F-X2: Revista “Isto É” aponta detalhes das propostas

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Após 15 anos de negociações frustradas, batalhas de lobbies das maiores potências bélicas do planeta e uma sequência interminável de testes e avaliações técnicas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, finalmente terá em mãos até o final da próxima semana o relatório completo para escolher quais serão os novos aviões superssônicos da Força Aérea Brasileira (FAB). Trata-se de um documento com mais de mil páginas com a análise completa das ofertas finais feitas pelos americanos da Boeing, que oferecem o F-18 Super Hornet; pelos franceses da Dassault, que produzem o Rafale; e pelos suecos da Saab, que concorrem com o Gripen NG. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende anunciar a escolha no dia 7 de setembro. Trata-se de uma decisão com perspectivas de longo prazo e efeitos na concepção estratégica da segurança nacional e no desenvolvimento tecnológico do País. Como tem alertado o ministro Jobim, a transferência tecnológica obtida com a compra dos aviões deve assegurar uma retomada da indústria bélica nacional, na tentativa de alçar o Brasil aos líderes mundiais do setor num prazo de três décadas.

Na semana passada, americanos, franceses e suecos entregaram à FAB a chamada “Best and Final Offer”, a melhor e última oferta, com a qual tiveram chance de melhorar suas propostas iniciais. A Dassault reduziu o preço do Rafale de 70 milhões de euros para 50 milhões de euros, se aproximando dos demais finalistas, o F-18 (US$ 55 milhões) e o Gripen (US$ 50 milhões).

A Boeing ampliou o pacote de compensações comerciais, industriais e tecnológicas. Os americanos propõem parceria com 45 empresas, enquanto os franceses visam à cooperação com 38 companhias ou entidades brasileiras. Na análise comparativa feita pela FAB, as três aeronaves se destacaram de diferentes maneiras, ficando F-18 e Rafale tecnicamente empatados. Equipado com componentes de quinta geração e armamentos de ponta, o caça francês saiu vitorioso no quesito tecnológico. O Super Hornet venceu na logística, pois suas peças e seus armamentos são mais baratos e fáceis de ser encontrados. O Gripen NG, por sua vez, ainda é um protótipo, o que colocou o avião sueco como preferido da FAB para o desenvolvimento do projeto desde sua fase inicial. Mas, para a cúpula da Defesa, não ter o aparelho completamente operacional é um problema. Assim como o fato de o Gripen NG apresentar diversos componentes de fabricação americana, portanto suscetível a embargo para a transferência tecnológica.

Com a balança pendendo para os franceses, o governo de Barack Obama lançou uma ofensiva para tentar reverter o jogo em prol do F-18. Na quarta-feira 29, desembarcou em Brasília o chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, general Douglas Fraser, que esteve com representantes do Ministério da Defesa e das três Forças. Na terça-feira 4, foi a vez de o próprio conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, general James Jones, cumprir a liturgia de encontros a portas fechadas, primeiro com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e depois com Jobim.

A escolha do ministro da Defesa vai definir o futuro da indústria bélica nacional

“O presidente Obama quer que esse relacionamento cresça entre nossos países”, afirmou Jones. Nos encontros, o general americano ressaltou a necessidade de aprofundar a parceria militar bilateral. Ele entregou ao chanceler Celso Amorim uma carta em que a secretária de Estado, Hillary Clinton, garante que haverá total transferência de tecnologia ao Brasil. As palavras foram reiteradas pela subsecretária de Controle de Armamento, Ellen Tauscher, que integrou a comitiva. “Trata-se de uma oferta sem precedentes.” Ela esteve acompanhada do subsecretário de Estado de Defesa, Aquisição e Tecnologia, Ashton Carter. O problema é que, em termos de equipamentos de defesa, a lei americana não permite a transferência tecnológica a não ser que haja aval do Congresso. E isso vale mesmo que autoridades do Executivo prometam o contrário. Ao saber disso, o chanceler Celso Amorim ponderou sobre o embargo imposto pelos EUA à venda dos Super Tucanos da Embraer para a Venezuela em 2006, exatamente porque o avião brasileiro possui equipamentos fabricados nos EUA.

O relatório da FAB, embora seja conclusivo, não tem caráter decisório. Caberá a Lula e a Jobim a palavra final e escolher o Dia da Independência para o anúncio do caça escolhido pode indicar que de fato o Brasil está caminhando no sentido de adquirir conhecimento para fabricar suas próprias defesas.

Promessas De Última Hora

“Como você sabe, o Departamento de Estado é responsável por autorizar a venda e a exportação de artigos e serviços de defesa dos Estados Unidos. O Departamento de Estado examinou detalhadamente a proposta da Marinha dos Estados Unidos e apoia completamente a transferência de toda informação relevante e toda tecnologia necessária em apoio a essa proposta de venda. Além disso, acreditamos que a oferta da Marinha dos Estados Unidos preenche, e em muitas áreas excede, todos os requisitos técnicos da Força Aérea Brasileira. A Marinha dos Estados Unidos está oferecendo tecnologias e capacidades provadas em combate que, em outras partes da indústria da aviação internacional, estão ainda apenas nos estágios conceituais”

Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, em carta entregue a Celso Amorim

FONTE: Revista Isto É, via Notimp

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