Depois da invenção do radar e do míssil guiado, ainda há espaço para a habilidade do piloto definir o resultado de um combate aéreo? A história e as estatísticas mostram que sim

Os registros de milhares de pilotos de todas as nações envolvidas em conflitos armados no passado revelam que somente uma parte deles realmente se destaca e apenas um pequeno percentual são considerados ases.

Isto se deve à experiência pessoal dos pilotos, em como eles foram treinados e como suas aeronaves são superiores em relação ao inimigo. Basicamente, o que sempre diferenciou os ases dos outros foram os resultados que eles atingiram, grandemente desproporcionais em número.

Em todas as guerras, somente 5% de todos os pilotos atingiram 40% do total das vitórias aéreas, enquanto 20% dos pilotos de caça conseguiram outros 40%. Conclui-se com isso que a grande maioria dos caças ficou apenas ocupando espaço no céu. As análises dos combates revelam três fatores que ocorrem em sequência: o primeiro é a oportunidade.

A maioria dos pilotos voou missões completas de combate sem a chance de encarar um inimigo. Um exemplo é o 1o. Grupo de Caça da FAB que voou na Itália em missões de ataque, mas nunca teve a chance de encontrar um caça alemão no ar.

Uma comparação interessante é a 8a. Força Aérea da USAAF, que em junho de 1944, tinha 1.709 pilotos, que voaram 24.035 missões de combate, com média de 3,75h cada. Destas, apenas 436 resultaram em combate (2%), com 268 vitórias.

A probabilidade de matar

A Guerra da Coréia apresentou um padrão semelhante. Dos 520 pilotos que voavam com a 4a. Ala de Interceptação, somente 69 pilotos (13,26%) tiveram 15 ou mais encontros com o inimigo.

Destes encontros, menos da metade foram convertidos em oportunidades de tiro e somente 1/3 das oportunidades de tiro foram convertidas em kills.

Quando se analisa os dois últimos fatores é que a real diferença aparece. Alguns pilotos converteram 80% dos encontros em oportunidades de tiro e 60 a 70% destas oportunidades em kills. Outros converteram apenas 15% dos encontros em passes de tiro, com um máximo de 10% de sucesso em cada passe.

Existiu no passado muito debate sobre o papel da sorte nesses combates, que certamente teve seu lugar, enquanto o piloto ia ganhando experiência. Mas numa visão geral, o combate aéreo na época do canhão e da metralhadora era um processo muito ineficiente diante do esforço dispendido.

A ineficiência vinha da dificuldade de forçar os encontros e na inabilidade do piloto mediano em capitalizar o encontro. Nas últimas décadas, porém, a tecnologia vem ajudando a diminuir o gap entre os pilotos medianos e os ases.

O problema dos encontros tem sido resolvido com o emprego de sofisticados equipamentos de detecção, comando e controle, baseados principalmente no radar, baseados em terra, orgânicos da aeronave ou em aeronaves específicas (AEW/AWACS).

O segundo problema, da conversão dos encontros em abates, tem sido enfrentado com o emprego dos mísseis, que espera-se cheguem aos seus alvos sem falhar. Com estes novos meios muitos acreditam que todo piloto mediano virou um ás! Toda detecção ocorre sem falha e cada míssil lançado não erra.

Mas as experiências recentes têm demostrado que a verdade está bem longe disso…

>>>CONTINUA EM PRÓXIMO POST…

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