O Salão Internacional de Aeronáutica e Espaço de Le Bourget (norte de Paris), o maior encontro mundial do setor, abriu na segunda-feira sua edição centenária num contexto de crise, com a redução do tráfego aéreo e o adiamento ou anulação de compras de aparelhos, em meio à sombra do acidente com o voo AF447 Rio-Paris.O Brasil estará presente com a Embraer que, este ano, celebra 40 anos de existência e que trabalha num projeto de avião de transporte militar, o KC-390, em cooperação com a força aérea brasileira.

Os anúncios de contratos devem ser menos espetaculares, sobretudo se comparados aos registrados na edição 2007, durante o qual os grandes do setor, Airbus e Boeing, haviam anunciado 800 encomendas da ordem de cerca de 100 bilhões de euros.
A sombra do acidente com o Airbus A330 da Air France que fazia o trajeto Rio de Janeiro – Paris, com 228 pessoas a bordo, as dúvidas sobre o funcionamento de alguns equipamentos e as causas da tragédia ainda não elucidadas, deverão tirar o brilho da mostra.

“Será um Le Bourget mais calmo que o anterior”, estimou Mark King, presidente da divisão de aeronáutica civil do construtor britânico Rolls Royce, que fabrica reatores para os futuros aviões da americana Boeing (o B-787) e do europeu Airbus (A350).
Segundo o grupo de Indústrias Francesas de Aeronáutica e Espaciais que organiza a mostra, 2009 será o primeiro ano desde 2001 (ano dos atentados nos Estados Unidos) no qual haverá uma baixa no número de passageiros e de cargas transportadas.

Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), o número de passageiros cairá 8% em comparação com 2008 e o transporte de carga, 17%.
Nas companhias aéreas, esta situação se reflete numa tendência a adiar a incorporação à sua frota de aviões encomendados, e até a anular os contratos à espera de tempos melhores.

No entanto, Airbus e Boeing esperam entregar em 2009 tantos aparelhos como em anos anteriores.
Outro sinal da situação deste ano é que os voos de demostração do 787 Dreamliner da Boeing e do avião de transporte militar da Airbus A400M não vão acontecer mais uma vez, em consequência de atrasos em seus programas de construção.

Outra apresentação estelar ausente será o do caça americano Raptor F-22 da Lockheed. Ao contrário do que acontece no setor aeronáutico, o espacial é um dos que melhor resiste à crise, devido, principalmente, ao desenvolvimento constante das telecomunicações por satélite, sobretudo a televisão e os programas governamentais.

O desenvolvimento da internet por satélite, única solução para algumas regiões isoladas, favorece também a boa saúde econômica do setor espacial, assim como o desenvolvimento das redes governamentais ou de empresas.
Outro sinal neste mesmo sentido são os oito contratos obtidos desde o começo do ano pela sociedade Arianespace, que comercializa o lançamento dos foguetes Ariane e Soyuz.

FONTE: AFP

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