Presidente da Embraer Aviation garante investimento em Portugal
Luiz Fernando Fuchs, que hoje esteve em Lisboa para assistir a apresentação do Plano de Qualificação para o Sector Aeronáutico, garantiu que a empresa aeronáutica “vai manter o investimento” em Évora apesar da difícil conjuntura económica, que já levou aquele grupo anunciar despedimentos noutros países.
Os contratos de investimento em Portugal, “por enquanto, ainda não serão afectados pela crise”, salientou o presidente da segunda maior empresa exportadora do Brasil, com participação na OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal.
Na sua intervenção, Luiz Fernando Fuchs falou sobre a presença da empresa em Portugal no quadro da sua estratégia europeia, salientando o “interesse de trabalhar com o Governo português para reforçar o interesse no sector em Portugal”.
Lembrando que o “mercado predominante em termos de concentração de vendas situa-se nos Estados Unidos e só depois na Europa”, Luiz Fernando Fuchs salientou que o investimento em Portugal, estimado em 170 milhões de euros, “poderá acelerar o processo” em território europeu.
A construtora Embraer pretende instalar duas fábricas no futuro parque aeronáutico de Évora, uma delas para a produção de aeronaves e a outra para fabricar materiais compósitos, criando cerca de 570 postos de trabalho.
Por sua vez, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Basílio Horta, salientou que a criação e consolidação de um cluster de empresas nacionais que operem no ramo aeronáutico é “possível”, referindo que em Portugal a “competitividade neste sector já está demonstrada”
“Este é o primeiro passo para que, a médio prazo, entre três a cinco anos, um grupo de empresas nacionais qualificadas trabalhem como fornecedoras da indústria aeronáutica mundial e para que, em Portugal, seja criado um cluster significativo neste sector”, afirmou.
O responsável salientou que, apesar de uma “presença ainda reduzida” no país, existe em Portugal “know-how de engenharia técnica, motivação e disponibilidade das empresas para apostarem no sector e um elevado número de empresas qualificadas”.
Basílio Horta também lembrou que, actualmente, há “uma visão e óptica que recomendam um melhor envolvimento da indústria aeronáutica” por ser “um sector em crescimento”, que é reconhecido pelo seu “elevado investimento no desenvolvimento tecnológico” e “significativo efeito de criação de postos de trabalho directos e indirectos altamente qualificados”.
“Há, contudo, um conjunto de características que têm de ser melhoradas, designadamente o melhoramento da qualificação das empresas portuguesas do sector”, frisou.
Opinião partilhada por Joaquim Menezes, vice-presidente da Direcção da Associação Pool.Net, que, no encontro, apresentou a “Estratégia de Sensibilização e Qualificação para o Sector Aeronáutico na área de Engineering and Tooling”, que integrará oito workshops nos próximos meses.
Segundo o responsável, esta estratégia visa “dotar os gestores de conhecimentos mais profundos da industria aeronáutica e, numa segunda fase, de competências específicas que lhes permitam o alinhamento das suas estratégias internas com a estratégia de criação de um cluster em Portugal, fornecedor do sector aeronáutico mundial”.
“É preciso potenciar capacidades existentes nas empresas e no sector, bem como criar ferramentas que nos permitam ser um valor acrescentado”, sublinhou, ressalvando que o interesse em apostar no sector aeronáutico “não deriva da crise”, foi “identificado antes numa lógica de oportunidades e inovação”.
FONTE: RTP