Indústria de Defesa da França quer montar offset no Brasil
Empresas brasileiras deverão se beneficiar com transferência de tecnologia, caso o jato francês Rafale vença a licitação dos caças da Força Aérea Brasileira (FAB)
Representantes de 90 empresas e entidades participaram nesta terça-feira (3) do Seminário de Interesse Econômico para a Indústria de Defesa Brasil – França. Eles conheceram detalhes do programa de produção do caça FX-2, com o qual a francesa Rafale International participa da licitação da FAB.
Empresa do consórcio Dassault, Thales e Snecma, a Rafale procurou o Departamento da Indústria de Defesa (Comdefesa) da Fiesp para apresentar seu programa de offset aos empresários brasileiros.
“A Rafale buscava uma forma de encontrar a indústria brasileira e nós estamos promovendo isso”, afirmou o diretor do Comdefesa, Jairo Cândido.
Ele acredita que os empresários franceses vão encontrar alto conteúdo e capacitação tecnológica no Brasil. “Estamos prontos e em pé de igualdade com os senhores”.
Acordo
Jean-Marc Merialdo, diretor e representante da Rafale International no Brasil, acredita que o programa de transferência de tecnologia deverá se beneficiar com os acordos militares firmados no final do ano passado pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Nicolas Sarkozy.
Merialdo destacou que na proposta feita pela Rafale para participar do processo de licitação de compra dos novos caças multi-emprego pela FAB – um negócio estimado em mais de 2 bilhões de dólares –, consta a instalação de uma linha de produção no Brasil.
Em dezembro do ano passado o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou a construção de um estaleiro no Rio de Janeiro, onde industriais franceses deverão fabricar cinco submarinos para a Marinha do Brasil.
Grandes
O chefe da missão econômica junto à Embaixada da França no Brasil, Hervé Le Roy, revelou que a “França tem convicção de que o Brasil é um dos grandes países do século 21”.
Ele disse ainda que o programa de transferência de tecnologia é baseado em duas alavancas:
- a influência política do Brasil – que tem sua candidatura defendida pela França para participar do G8 (os atuais países mais ricos do mundo)
- e por seu potencial de independência tecnológica de construir uma indústria nacional mais robusta.
Le Roy destacou que seu país investiu mais de US$ 3 bilhões no Brasil no ano passado. Como 2009 é o Ano da França no Brasil, ele acredita que isso poderá estreitar novos laços comerciais entre os dois países.
Lucas Alves, Agência Indusnet Fiesp