Espaço: o desafio de restaurar a qualificação
São José dos Campos (SP), 19 de Dezembro de 2008 – A tentativa de atrair novos profissionais para a área espacial levou as direções da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) a criarem um projeto específico para esse fim. Ambas as entidades lançaram oficialmente ontem um programa de bolsas para a área espacial. Numa primeira etapa será investido R$ 1 milhão. A estimativa é que sejam destinados cerca de R$ 5 milhões por ano para essa iniciativa.
A intenção, diz a AEB, é restaurar a qualificação perdida ao longo dos anos e atualmente necessárias para o desenvolvimento do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). O projeto visa estimular e valorizar profissionais que optem por áreas de estudos dentro das ciências espaciais. Entre os objetivos está o fortalecimento de equipes, treinamento e capacitação de especialistas e formação de quadros em áreas estratégicas.
Os recursos humanos disponíveis na área espacial brasileira são pequenos e foram abalados com o acidente ocorrido em agosto de 2003, na Base de Lançamentos de Alcântara (MA). Neste episódio, 21 pessoas morreram com a ignição do motor do foguete. A maioria era formada por engenheiros e técnicos do programa Veículo Lançadora de Satélite (VLS), coordenado pelo Comando da Aeronáutica.
O Brasil conta atualmente com 3.100 profissionais atuando na área espacial, um número insignificante ao se comparar com as grandes potências do setor ou mesmo com outros países emergentes, como a Índia. Somente no Centro Espacial John F. Kennedy, da Nasa, tem 17 mil especialistas.
O contingente nacional, além de baixo, é divido entre órgãos do governo e indústria. Segundo a AEB, essa quantidade se mostra insuficiente para cobrir as necessidades atuais e futuras do programa espacial. A carência de recursos humanos é reflexo da falta de contratações para o setor governamental, o que impediu a reposição de especialistas . A maioria está aposentada e os salários pagos no setor não são competitivos com se setor privado.
Na primeira etapa, a verba liberada pela AEB será repassada para o CNPq e deve beneficiar o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e o Instituto Nacional de Atividades Espaciais (Inpe), ambos sediados em São José dos Campos (SP).
“A idéia é que o programa seja estendido para outras instituições que trabalham no programa espacial, e para a comunidade científica e empresas”, segundo o presidente da AEB, Carlos Ganem
Em uma segunda fase, a agência espacial estuda promover o intercâmbio com os países desenvolvidos no setor. Entre eles, já existem tratativas com a França, Suécia, Ucrânia e Alemanha.
Fonte: Gazeta Mercantil Foto: Nunão – modelo do VLS em tamanho real no CTA (São José dos Campos – SP)