Caças bizarros que quase vingaram parte 2

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Pemberton-Billing (Supermarine) P.B.31E: o quadriplano caçador de Zeppelins

Problemas urgentes muitas vezes levam a soluções inovadoras. Ou a soluções desesperadamente equivocadas, que surpreendem por serem levadas a sério por mais tempo que o bom senso recomendaria. A última opção parece ser o caso deste “interceptador” bimotor e quadriplano da Primeira Grande Guerra, comparável em porte e peso a vários dos bombardeiros do conflito, exceto quanto aos anêmicos motores Anzani de 100hp (radiais de 9 cilindros).

Como no início da guerra as incursões dos dirigíveis alemães sobre as ilhas britânicas eram de difícil interceptação, levando-se em conta os frágeis caças disponíveis, surgiu a idéia de criar uma aeronave capaz de se manter em vôo por muitas horas. Grande capacidade de combustível e motores econômicos (daí serem só dois de 100 hp) pareciam ser a solução, numa aeronave de grande porte para também carregar armamento pesado e a tripulação necessária.

O P.B. 29E (imagem ao lado), predecessor deste bizarro caça e equipado com motores ainda menos potentes (90hp), voou no inverno de  1915-1916 e se acidentou logo nos primeiros vôos. Ainda assim, os resultados parecem ter sido promissores o suficiente, pelo menos para seus idealizadores e projetistas, e prosseguiu-se no desenvolvimento, chegando ao modelo 31E que realizou seu primeiro vôo em fevereiro de 1917. Nessa época, a Pemberton Billing já havia mudado de nome para Supermarine Aviation e o quadriplano ganhara o pretencioso apelido de “Night Hawk”.

No papel e em algumas capacidades, esse “Falcão da Noite” até que não era de todo mal. Poderia se manter no ar por aproximadamente 9 horas, esperando pela chegada dos Zeppelins. Poderia procurar suas presas iluminando a noite com um farol de busca no nariz (ou seria a presa a primeira a percebê-lo quando acendesse o farol?). E poderia derrubar o dirigível até que facilmente, caso o atingisse, devido ao poder de fogo de seu canhão Davis de 1,5 libras, instalado sobre a asa superior, ou com disparos de suas duas metralhadoras de 7,7mm.

Poderia, se conseguisse alcançar o alvo…

Seus 2.788 kg de peso carregado, 18,29m de envergadura e 11,24m de comprimento eram uma carga por demais pesada para seus dois econômicos motores de 100 hp, fazendo com que o “caça” atingisse os 3.000m de altitude só após uma hora de vôo. Atingindo 120 km/h de velocidade máxima (o que pode ser considerado difícil, dada a motorização, quando completamente carregado de combustível e munições), não era muito mais veloz que suas próprias presas. E mesmo na remota possibilidade de que o Zeppelin cruzasse seu caminho próximo o suficiente para que a pouca velocidade adicional não fosse problema, o dirigível poderia ascender rapidamente para uma altitude fora de alcance.

Em julho de 1917, a idéia foi posta de lado. O protótipo foi sucateado e um segundo exemplar, ainda incompleto, abandonado. Os caças “convencionais”, por essa época, já eram mais do que páreo para os Zeppelins. Entre a concepção e o abandono do projeto, praticamente 2 anos se passaram, muito tempo para descobrir que a idéia era ruim demais para vingar.  Felizmente para a Supermarine e a própria RAF, a companhia projetou uma safra de aeronaves muito mais inspirada décadas depois…

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