Cronograma do F-X da FAB de 2001 a 2003: vale a pena ler de novo
Como o brasileiro tem memória curta, o cronograma abaixo mostra o passo-a-passo do Programa F-X original, que acabou não vingando e deixando à FAB o consolo de receber uma dúzia de jatos Mirage 2000 usados da França.
01/08/2001 – O Comando da Aeronáutica apresenta o pedido de oferta (request of proposal) para o FX a diversos fornecedores de aeronaves de vários países. Além dos aspectos técnicos, logistícos e comerciais, as empresas deverão apresentar propostas de compensação comercial (offset).
03/08/2001 – Sete empresas se apresentam para retirar o edital da concorrência: a brasileira Embraer associada à francesa Dassault (Mirage 2000-5 Mk2), a italiana Alenia Aerospazio (Eurofighter 2000), as americanas Boeing (F-18E Hornet) e Lockheed Martin (F-16C Falcon), as russas RAC-MIG (Mig 29) e Rosoboronexport (Sukhoi SU-27/SU-35), e o consórcio anglo-sueco SAAB BAE Systems (JAS-39 Gripen).
06/09/2001 – O Projeto FX ganha espaço na mídia e as empresas concorrentes começam a montar seus lobbies em Brasília, para tentar influir no processo, iniciando uma fase de intrigas, pressões e até espionagem.
18/09/2001 – A Boeing Company se retira da disputa, anunciando que o modelo F-18E Hornet não possui preço compatível com o orçamento da FAB. Pelos mesmos motivos a Alenia também abandona a concorrência.
12/12/2001 – A Força Aérea anuncia que a primeira fase do processo de seleção foi concluída no dia 07/12, sem a eliminação de quaisquer propostas e que a decisão final deverá ser no primeiro semestre de 2002.
16/01/2002 – A brasileira Avibrás assinou acordo com o consórcio russo Rosoboronexport, prevendo a futura fabricação do caça Sukhoi SU-35 no Brasil, caso seja o vencedor, e cooperação em outras áreas de interesse militar.
23/02/2002 – O consórcio anglo-sueco SAAB-BAE prometeu ao governo brasileiro a instalação de uma fábrica de componentes e peças para aviões, num investimento de US$ 30 milhões, se o JAS-39 Gripen for escolhido como o vencedor.
04/04/2002 – A Embraer anuncia no Chile, durante a FIDAE, a formação do “Consórcio Mirage 2000 BR” numa parceria estratégica com suas sócias francesas Dassault Aviation, Snecma Moteurs e Thales Airbone Systems. Será desenvolvida uma versão específica para o Brasil, com a montagem, integração e testes finais da aeronave serão feitas na fábrica da empresa em Gavião Peixoto(SP).
22/04/2002 – Inicia-se a última fase do Projeto FX, com testes em vôo por pilotos da FAB e visitas técnicas de especialistas do Comando da Aeronáutica às instalações dos cinco fabricantes dos caças que disputam o processo.
20/05/2002 – Termina o prazo para que os consórcios entreguem suas propostas finais, revisadas e com novas ofertas, ao Comando da Aeronáutica. Os franceses, russos e suecos (estes com algumas limitações) admitem a transferência de tecnologias e softwares de suas aeronaves, além de compensações em outras áreas, mas os americanos concordam apenas em autorizar a venda de mísseis BVR e aviônicos avançados, porém sem acesso à tecnologia.
12/06/2002 – A reunião do Conselho de Defesa Nacional para decidir o vencedor é adiada e a Comissão de Licitação exige maior detalhamento das ofertas, principalmente no que diz respeito ao offset.
21/08/2002 – O processo de escolha do FX entra em compasso de espera, aguardando uma definição das eleições presidenciais em outubro, as pressões aumentam para que a escolha seja feita pelo novo presidente.
01/11/2002 – O presidente Fernando Henrique, em meio a pressões políticas e diplomáticas, se exime da responsabilidade de conduzir a escolha do novo caça FX, anunciando que a definição será feita pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, assim que empossado, em janeiro de 2003.
03/01/2003 – O ministro da Defesa, José Viegas Filho anuncia oficialmente o adiamento da licitação do caça FX, em até um ano, para uma apreciação mais detalhada do novo governo e a concentração dos poucos recursos disponíveis na área social.
01/10/2003 – A Força Aérea Brasileira recebe autorização para dar prosseguimento ao processo de licitação para os novos caças de superioridade aérea, convidando as empresas concorrentes para uma reunião de orientação e atualização, quando receberão instruções relativas aos procedimentos que irão regular essa nova fase.
03/11/2003 – Os fabricantes preparam as propostas finais, atualizando-as sob os aspectos técnico, comercial, industrial, de compensação e de logística, para serem entregues à Comissão de Licitação no dia 11 de novembro, em reunião no CTA, em São José dos Campos(SP).
10/11/2003 – Após uma semana de reuniões individuais com os fabricantes, realizadas de 03 a 07/11 no CTA, para as ponderações finais de cada um e os ajustes necessários em suas propostas, as mesmas foram entregues nesta data à Comissão de Licitação. O Comando da Aeronáutica pretende encaminhar o parecer técnico ao Conselho de Defesa Nacional, para a escolha do vencedor, até o próximo dia 15 de dezembro.
05/12/2003 – O ministro da Defesa, José Viegas, anuncia a formação de um grupo de trabalho para analisar detalhadamente cada uma das propostas apresentadas, item por item inclusive nas questões que envolvam off set, para que quaisquer dúvidas dos membros do Conselho de Defesa Nacional no dia da reunião para a escolha do caça FX possam ser esclarecidas devidamente.
09/12/2003 – Se não ocorrerem novos adiamentos, a reunião do Conselho deverá ser marcada para a primeira quinzena de janeiro de 2004, quando finalmente teremos o nome do tão aguardado novo caça de superioridade aérea da FAB.
23/12/2003 – Governo determina a criação de Comissão Especial para assessoramento ao Conselho de Defesa Nacional (CDN), no processo do Projeto FX. Com representantes de vários ministérios e dos três comandos militares, a equipe terá 30 dias para emitir parecer sobre todos os aspectos da licitação (estratégico, comercial, geração de empregos, transferência de tecnologia, industrial, etc). O prazo para a conclusão dos trabalhos poderá ser prorrogado, por igual período, se necessário.
FONTE: http://www.militarypower.com.br