RFP do F-X2 e a opinião da Gripen International
FAB pede detalhes de aeronaves escolhidas para modernizar frota
Daniel Rittner, de Brasília
A Força Aérea Brasileira (FAB) dá partida, no dia 30, à etapa mais importante no processo de seleção dos novos caças de múltiplo emprego. É quando representantes dos países e dos fabricantes dos jatos deverão receber os pedidos formais de propostas da Aeronáutica – RFP, como são conhecidos na indústria de defesa, por causa da sigla em inglês para “Request for Proposal”. Por meio desse documento, o governo brasileiro informará detalhes como a configuração desejada dos futuros caças e o cronograma exato das entregas.Já os fornecedores terão um prazo para apresentar ofertas detalhadas, incluindo o preço das aeronaves e a forma de financiamento. Esse é um novo ponto de interrogação para o futuro do Projeto F-X2, que prevê uma encomenda inicial de 36 caças, com custo superior a US$ 2 bilhões. A venda de aeronaves militares é normalmente financiada por bancos do país de origem do produto, com pacotes que prevêem o pagamento em mais de uma década. A dúvida é se isso realmente não será afetado pela crise financeira internacional.
Bob Kemp, vice-presidente de marketing e vendas internacionais da sueca Gripen, e Bengt Janér, diretor-geral da empresa no Brasil, garantem que não haverá problemas. “Os bancos suecos estão sólidos”, diz Janér. “A crise fará com que os nossos clientes sejam ainda mais sensíveis ao preço, o que é uma boa notícia para nós”, emenda Kemp. Ambos participaram ontem da inauguração de um escritório da Saab, controladora da Gripen, em Brasília.
Explica-se: diferentemente do F-18 Super Hornet (da americana Boeing) e do Rafale (da francesa Dassault), os dois outros caças selecionados pela FAB para a lista final do processo de escolha, o Gripen New Generation (NG) é o único jato monomotor e tem como propaganda os custos operacionais supostamente mais baixos. Seriam US$ 4 mil por hora de vôo contra até US$ 14 mil do Rafale e do F-18, segundo Janér.
Kemp deu pistas sobre o preço do NG, que foi apresentado oficialmente em abril e terá suas primeiras unidades entregues entre 2013 e 2014. De acordo com o executivo, a Gripen ofereceu um pacote de 48 caças à Noruega, com todo o treinamento de pilotos locais, por 20 bilhões de coroas dinarmaquesas – o equivalente a US$ 3,439 bilhões. Dá pouco mais de US$ 70 milhões por caça.
A Gripen faz promessas de atender ao governo brasileiro na transferência de tecnologia, que, a seu ver, será um ponto decisivo no F-X2. “Temos um compromisso do nosso governo para nos apoiar nisso”, diz o vice-presidente. Também afirma estar disposto a cooperar com o Brasil no desenvolvimento de um caça de quinta geração. E destaca a conveniência de uma “parceria entre iguais”. “A Embraer e a Saab têm mais ou menos o mesmo tamanho”, diz Kemp, acrescentando que Dassault e Boeing são de portes diferentes da brasileira.
Conforme explicou o executivo sueco, a Gripen foca a sua estratégia de vendas em três mercados potenciais: novos membros da Otan que precisam substituir antigos caças russos (Hungria e República Tcheca já são seus clientes), países “não-alinhados” que são clientes tradicionais dos franceses (Brasil, Índia, África do Sul, Argentina e Equador), e os que buscam modernizar suas frotas de aeronaves americanas (Tailândia, Malásia, Suíça e os países nórdicos).
Fonte: Valor Econômico, via Notimp
Foto: Gripen International