Últimos Mirage 2000 são recebidos pela FAB
Para comemorar a data, Jobim fez um vôo de aproximadamente 50 minutos em um Mirage. Segundo Jobim, esta compra marca o fim do ciclo de aquisições puras para a área de Defesa. Os novos modelos já serão adquiridos sob a ótica da transferência de tecnologia por parte do fabricante. “Significa a importância de nós encerrarmos um ciclo, que é o ciclo do Brasil comprador. Agora nós deveremos começar um novo ciclo, que é o ciclo do Brasil Parceiro”, afirmou Jobim, em entrevista coletiva após a cerimônia.
De acordo com Jobim, a intenção do Brasil é adquirir um pequeno lote inicial do novo avião que vier a ser escolhido e passar a desenvolver localmente uma plataforma que participe da produção das unidades seguintes. “A nova estratégia de Defesa significa que nós seremos produtores”. Segundo o ministro, os principais países que participam da disputa afirmam que estão dispostos a transferir tecnologia. Mas ele pondera que nem sempre os fatos confirmam a intenção, e cita o caso do governo americano, que recentemente dificultou a remessa de componentes adquiridos para o Supertucano, da Embraer.
O ministro elogiou a transparência da França e sua disposição de avançar, na área aeronáutica, da mesma maneira que avançou no acordo para a transferência de tecnologia destinada à produção de um submarino brasileiro de propulsão nuclear. Mas o ministro negou que haja decisão tomada em relação aos franceses para a aquisição dos novos aviões. “A partir de janeiro nós vamos abrir a discussão em relação ao FX. Evidentemente os franceses estão na concorrência; agora, tudo vai depender das conveniências ao Brasil”, concluiu.
Jobim destacou a importância da autonomia tecnológica e industrial para a consolidação da defesa brasileira. “O país que tem a capacitação nacional tem poder dissuasório real”, explicou Jobim. Ele esclarece que o fortalecimento da defesa do país não tem nenhuma causa específica externa . “Não estamos organizando e transformando as Forças Armadas pela perspectiva de um inimigo ou de uma ameaça. Estamos transformando na perspectiva da capacitação”.
Jobim observou que o país tem muitas riquezas a defender, como as áreas juridicionais de sua plataforma marítima, que somam 3,5 milhões de km2, e que deverão subir para 4,5 milhões. “São grandes riquezas. Só os leigos é que acreditam que não precisam estar capacitados para responder a qualquer ameaça”.
Quarta Frota– O ministro negou qualquer vinculação entre o fortalecimento da Defesa brasileira e a criação da Quarta Frota por parte dos Estados Unidos. “Não vamos nos conduzir da perspectiva de que os Estados Unidos estejam nos conduzindo. Nós vamos nos conduzir dentro das nossas condições e da nossa perspectiva de capacitação”.
O ministro, inclusive , relativizou a preocupação manifestada por algumas pessoas com a criação da Quarta Frota, que ele classifica de uma mudança administrativa dos Estados Unidos, que transferiram da Segunda Frota para a Quarta Frota alguns de seus meios navais.
“Eu não vejo problema nenhum, isso é uma decisão americana. O americano toma as decisões que bem quer. Nós não gostaríamos que as decisões que o Brasil está tomando agora no Plano de Defesa fossem objeto de objeções americanas. A autodeterminação dos povos é vital, e eu não vejo nenhuma dificuldade em relação à Quarta Frota. Fica nítido e claro que as relações com o Brasil continuarão sendo amistosas”.
Jobim também observou que não há preocupação exclusiva da Defesa com a área do pré-sal, onde foram localizadas reservas gigantes de petróleo. Esta é apenas uma das grandes riquezas que o País tem e que precisam ser defendidas, argumentou. “Nós temos que nos lembrar que a América do Sul é a maior reserva de energia do mundo hoje, é a maior reserva de produção de alimentos e a maior reserva de água doce. Nós temos a Amazônia e o aqüífero Guarani. Isto basta para que nós tenhamos capacitação”.
FONTE: www.defesa.gov.br
NOTA DO BLOG: Reproduzimos a nota e as fotos publicadas no site do Ministério da Defesa. Notar nas legendas das fotos que o pessoal da assessoria de imprensa errou o nome do avião, grafando “Mirrage” ao invés de Mirage com um “r” só. No texto da matéria nós corrigimos.