F-20 Tigershark: o caça da Northrop que foi “abatido” pelo F-16

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O F-20 Tigershark (inicialmente designado F-5G) foi um caça leve desenvolvido e financiado pela Northrop para exportação. Seu desenvolvimento começou em 1975 como uma evolução do F-5E Tiger II, dotado de um só motor (o mesmo do F/A-18), aviônica digital e um novo radar multimodo. Comparado com o F-5E, o F-20 era muito mais rápido, tinha capacidade BVR e podia usar todos os tipos de armas ar-solo do arsenal americano da época.

Com essas melhorias, o F-20 acabou preenchendo o mesmo nicho do caça F-16 Fighting Falcon, mas era mais barato de comprar e operar.

Muito do desenvolvimento do F-20 foi parte do projeto do Departamento de Defesa chamado FX, cujo objetivo era vender caças menos avançados aos aliados dos EUA, para limitar o risco de que tecnologias de ponta caíssem em mãos soviéticas. O projeto FX desenvolveu-se na administração Carter, mas recebeu um baque depois da eleição de Ronald Reagan, que liberou a venda do F-16. Nenhuma encomenda acabou sendo feita para o F-20, cujo desenvolvimento foi abandonado em 1986, depois de três protótipos construídos e um quarto parcialmente completado.

A Northrop fez um bom marketing do F-20 na época e usou até o famoso piloto Chuck Yeager, o primeiro a quebrar a barreira do som, como garoto propaganda do avião. Segundo Yeager, o F-20 tinha sido o melhor caça que ele já havia pilotado.

O F-20 chegou a ser oferecido ao Brasil e a Northrop trouxe até a Base Aérea de Santa Cruz o mock-up do cockpit para apreciação dos nossos pilotos (foto ao lado).

Graças à turbina GE F404, o F-20 tinha 60% a mais de potência que o F-5E, melhorando a razão empuxo/peso de 1.13 para 1, o que fazia com que a performance dele igualasse a do F-16. O F-20 alcançava Mach 2 de velocidade (contra Mach 1,6 do F-5E) e subia até 40 mil pés, em apenas 1 minuto.

A capacidade de giro instantâneo aumentou 7% em relação ao F-5E, indo para 20 graus por segundo; o giro sustentado a Mach 0,8 e 15 mil pés de altitude subiu para 11,5 graus por segundo, bem próxima dos 12,8 graus do F-16. As razões de curvas em velocidades supersônicas eram 47% maiores que no F-5E.

O F-20 tinha um radar desenvolvido para ele, o APG-67 e podia disparar mísseis BVR AIM-7 Sparrow de guiagem semi-ativa. O protótipo do F-20 chegou a disparar o Sparrow antes que o F-16 o fizesse.

Quando estava sendo oferecido ao mercado internacional, o F-20 custava US$ 8 milhões por unidade, enquanto o F-16 custava US$ 15 milhões e o F-15, US$ 30 milhões. Segundo o fabricante, em serviço o F-20 consumia 53% menos de combustível, requeria menos 52% de homens/hora para manutenção, e tinha o custo de manutenção 63% menor que os caças de primeira linha da época.

A Northrop investiu cerca de US$ 1,2 bilhão no desenvolvimento do F-20, mas não conseguiu vendê-lo, graças às interferências do Governo Americano, à concorrência do F-16 e dos programas locais de fabricação de caças. Na década de 90, a Northrop tentou vender o projeto do F-20 à Índia, mas sem sucesso. O que é uma pena, pois o avião era realmente bonito e capaz, fazendo jus à linhagem do F-5/T-38.

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